Em meio à tensão no avião presidencial que rondou um aeroporto da Cidade do México por cinco horas, o presidente Lula da Silva (PT) se levantou da poltrona várias vezes segundo Gustavo Maia, da Veja, para obter informações atualizadas sobre o voo e se queixou da falta de segurança da aeronave — comprada por ele em 2005, durante seu primeiro mandato.
Enquanto isso, a primeira-dama Janja ficou sentada, calada e reflexiva.
A pane ocorreu logo após a decolagem. Um dos passageiros que estava na parte de trás do avião relatou ter visto fumaça saindo de um dos motores, o que levou o grupo a especular sobre o possível impacto com uma ave.
Segundo comunicado do comandante da Aeronáutica, o avião principal da Presidência, conhecido como Aerolula, “apresentou um problema técnico após a decolagem” e precisou consumir combustível para aterrissar em segurança, o que ocorreu às 22h19 (no horário de Brasília). Até o momento, a FAB não informou qual foi o problema.
Inicialmente, a tripulação informou que eles precisariam gastar combustível por duas horas.
Por precaução, o prazo acabou sendo estendido sucessivamente, para gastar 7.000 litros de combustível, aumentando a angústia da comitiva presidencial.
“Sucateada”
Em conversas dentro do avião, os passageiros ficaram sabendo que o Aerolula tinha acabado de sair de uma manutenção e já havia apresentado outras pequenas falhas nos últimos tempos.
Para uma pessoa que integrou a comitiva, a aeronave está “sucateada” e terá que ser substituída. Agora, caberá ao governo convencer o Congresso a aprovar o orçamento para a compra multimilionária. “É questão de segurança nacional”, comentou.
Em um dos momentos em que a internet, instável, pegou dentro do avião, o presidente orientou um membro da sua comitiva a não responder uma mensagem que questionava os círculos da aeronave sobre o aeroporto, identificados em tempo real por radares online.
Depois de embarcarem rumo a Brasília em uma aeronave reserva da FAB que aguardava na Cidade do México, por praxe, os passageiros dormiram a noite toda. “Todo mundo estava esgotado”, relatou uma pessoa que estava no voo.