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Bolsonaro pensando, supostamente preocupado com a eleição - Foto: Adriano Machado/Reuters
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quarta-feira 27 de dezembro de 2023 às 06:13h

Os dez mandamentos de Bolsonaro para os candidatos que pedem seu apoio para 2024

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Determinado a assegurar a influência do bolsonarismo sobre o PL após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a oito anos de inelegibilidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem distribuído a quem o procura para conversar e pedir apoio nas eleições municipais de 2024 de acordo com Malu Gaspar, do O Globo, o que ele mesmo chama de “dez mandamentos” a serem seguidos por correligionários e candidatos da sigla.

O decálogo, como o PL chama, é uma relação de princípios que o partido resumiu em um material distribuído aos militantes ao longo do segundo semestre, na maioria bandeiras conservadoras.

Estão na a lista a defesa da Constituição e da família, da vida desde a concepção, da liberdade de expressão e da propriedade privada, do legítimo direito à defesa, a diminuição da carga tributária, liberdade econômica, agroindústria e combate às drogas.

A intenção do ex-presidente e de Valdemar da Costa Neto, que comanda o PL, foi colar ainda mais a imagem do partido à do ex-presidente, que embora esteja inelegível ainda é um forte cabo eleitoral em várias regiões e setores do eleitorado – como os evangélicos, o agronegócio e a extrema direita de forma geral.

A aposta do PL é que esses temas devem compor a pauta das eleições de 2024, mesmo tendo pouca relação com questões locais e o trabalho dos prefeitos.

Outra função do documento, que Bolsonaro carrega nos bolsos e tem no escritório para entregar aos visitantes, é tentar constranger integrantes do PL não alinhados ao bolsonarismo a não se aproximar do governo Lula por pragmatismo, em especial prefeitos do interior visando as eleições municipais.

O próprio Valdemar – que recentemente vetou coligações locais do partido com o PT no pleito de 2024 – já admitiu que parlamentares do Nordeste dificilmente poderiam fazer oposição feroz ao governo por uma questão de sobrevivência política. A cúpula do PL estima que essa seja a situação de 25 dos 98 deputados da bancada, como publicamos no blog em fevereiro.

Só que Bolsonaro, inelegível até 2030, tem cobrado do partido alinhamento total às suas bandeiras para garantir sua influência nas eleições de 2026. Um exemplo foi a expulsão do deputado federal Yuri do Paredão (CE) do PL depois de publicar fotos com o presidente Lula e ministros da gestão petista nas redes sociais.

Bolsonaro já manifestou publicamente sua contrariedade com aliados que se elegeram com as bandeiras do bolsonarismo, mas depois mudam de postura.

No mês passado, por exemplo, criticou parlamentares bolsonaristas que votaram a favor da reforma tributária proposta pela equipe econômica do governo do PT.

“O que se pode esperar de um parlamentar que se veste de verde e amarelo e vota com os vermelhos?”, esbravejou o ex-presidente durante uma homenagem que recebeu na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, no início de novembro.

Interlocutores de Valdemar, no entanto, afirmam que os dez mandamentos não servirão de base para uma “caça às bruxas” e defendem que boa parte do decálogo reflete anseios do eleitorado médio, fora dos extremos.

“Bolsonaro nos deu uma oportunidade para que o PL tenha uma bandeira, uma ideologia, um rumo. E o rumo são esses dez mandamentos”, defende um integrante da cúpula.

Nas articulações para a montagem da chapa em 2024, ao perceber que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, hesita em assumir explicitamente as pautas bolsonaristas para ter seu apoio, o ex-presidente lançou no ar a possibilidade de apoiar a pré-candidatura de Ricardo Salles (PL), bolsonarista raiz com pouca chance de vitória.

O gesto desagradou a cúpula do PL, que tem apadrinhados na prefeitura e quer ver a aliança prosperar. Bolsonaro, porém, tem deixado claro que não pretende apoiar candidatos que não se engajem nas pautas resumidas nos “dez mandamentos”.

Chama atenção na lista a defesa da Constituição e da redução da carga tributária – Bolsonaro é investigado no inquérito do STF sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e se posicionou contra a reforma do sistema tributário pautada pelo governo Lula.

Nas redes, o conteúdo foi replicado pelo ex-ministro Walter Braga Netto, atual secretário de Relações Institucionais do partido e coordenador das pré-candidaturas a prefeito, e pelo líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ).

Sempre que questionados a respeito, Valdemar e seus aliados negam que o decálogo seja uma cartilha oficial para os candidatos a prefeito. Dizem que se trata apenas de uma reafirmação dos valores do PL. Não é o que o ex-presidente diz quando tira do bolso a listinha e entrega a quem o visita pedindo apoio.

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