Desde o governo de Jair Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) e os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) figuram entre os parlamentares mais poderosos do país. Boa parte da força deles decorre dos cargos que ocupam, mas eles também ganharam prestígio pela capacidade de costurar acordos políticos, de colher dividendos pessoais e de distribuir benesses a colegas de Congresso.
Apesar de criticado por Lula na última campanha eleitoral, Lira foi reeleito para o comando da Câmara com o aval do presidente da República e do PT e conseguiu para seu grupo político cargos de primeiro escalão em 2023, como o Ministério do Esporte e a presidência da Caixa Econômica Federal.
No próximo ano, uma de suas prioridades é pavimentar o terreno para eleger o deputado baiano Elmar Nascimento (União Brasil) seu sucessor na Casa, em eleição marcada para fevereiro de 2025. Se conseguir cumprir a missão, Lira se credenciará, segundo seus próprios aliados, para se tornar ministro e, assim, continuar influente. É aquela história: quem tem acesso ao Planalto não gosta de voltar para a planície.
Dobradinha
Já o horizonte do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem um contorno estadual. Cauteloso, ele não gosta de falar de seu futuro político, mas tanto no Palácio do Planalto quanto no Congresso é dado como certo que Pacheco disputará a eleição para o governo de Minas Gerais, com o apoio de Lula. Os dois já estão trabalhando juntos, por exemplo, no debate da renegociação da dívida mineira com a União, tema que tem causado desgaste ao atual governador, Romeu Zema (Novo).
À frente do Senado, Pacheco encampou, por exemplo, propostas que limitam a atuação de ministros do Supremo. Essa iniciativa tem potencial para aproximá-lo dos bolsonaristas, que empunham com entusiasmo a pauta anti-STF, e pode render dois frutos a ele. O primeiro é ganhar popularidade em Minas, onde Lula venceu Bolsonaro no segundo turno por apenas 50 000 votos. O outro é facilitar a eleição para a presidência do Senado, em 2025, de seu aliado Davi Alcolumbre, que foi seu antecessor no cargo.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Alcolumbre é desde já favorito para reassumir o comando da Casa. Na função, ele se notabilizou, entre outras coisas, por ser — ao lado de Arthur Lira — o senhor do destino das verbas bilionárias do antigo orçamento secreto. No governo de Bolsonaro, um ministro chegou a dizer que Alcolumbre, sozinho, destinou 1 bilhão de reais das chamadas emendas de relator. Na gestão Lula, o senador manteve o prestígio, mas ele quer mais — e 2024 é peça-chave em seu plano para voltar a chefiar o Legislativo em 2025.