Em 2024, segundo os últimos dados disponíveis, os deputados federais gastaram 215 milhões de reais dos cofres públicos em cotas parlamentares. As despesas incluem passagens aéreas e terrestres, hospedagens, aluguel de veículos, divulgação de atividades na mídia e manutenção de escritórios. Os números foram levantados pela revista Veja junto aos dados abertos da Câmara dos Deputados.
Entre os 513 deputados em exercício, há 87 que gastaram ao menos 500 mil reais até o início de dezembro. A lista é encabeçada por Gabriel Mota (Republicanos-RR), que usou 611 mil reais das cotas parlamentares até o início de dezembro. Ele é seguido por Átila Lins (PSD-AM), com 578 mil; João Maia (PP-RN), 569 mil; Pompeo de Mattos (PDT-RS), 566 mil; e Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), que gastou 565 mil reais.
Já entre os deputados mais parcimoniosos, destaca-se Amom Mandel (Cidadania-AM). Desde o início de janeiro, o parlamentar — um dos mais jovens da Câmara — pediu reembolso de apenas 15 mil reais da cota, usados para passagens aéreas. Em seguida, no ranking dos legisladores menos dispendiosos, aparecem Daniel Soranz (PSD-RJ), que gastou 29 mil reais; Ricardo Guidi (PL-SC), 40 mil reais; Fausto Santos Júnior (União-AM), 44 mil reais; e Adriana Ventura (Novo-SP), 44,2 mil reais.
Para onde vai o dinheiro?
As cotas parlamentares são reembolsos que o Congresso paga aos deputados para cobrir gastos do exercício do mandato, tendo como referência os preços de viagens aéreas. Os valores mensais variam conforme a distância de cada estado a Brasília, desde 36,5 mil mensais para legisladores do Distrito Federal até 51,4 mil por mês para os representantes de Roraima.
Embora sirvam de peso para a tabela, as passagens aéreas representam, efetivamente, apenas 15% dos 215 milhões gastos em cotas em 2024. A maior fatia do fundo (38%) vai para a divulgação da atividade parlamentar — apenas este ano, foram 82,2 milhões de reais investidos em agências de publicidade e marketing, produtoras audiovisuais e impulsionamento de conteúdo nas redes sociais.
Outros 59 milhões de reais foram gastos pelos parlamentares em combustível e aluguel de veículos, e 38 milhões em manutenção de escritórios (dentro e fora de Brasília). As cifras não incluem os salários de assessores (até 25 por deputado), que são pagos com a verba de gabinete — nesta categoria, os custos foram de mais 672 milhões de reais em 2024.