Com a campanha nas ruas, mas agora também na televisão além das redes sociais, a atenção de eleitores se volta de vez de acordo com Dimitrius Dantas, do jornal O Globo, para a escolha a ser feita daqui a 30 dias. As principais pesquisas divulgadas nesta semana apresentaram um resultado parecido, com as mesmas movimentações: um sinal de declínio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estabilidade do presidente Jair Bolsonaro e a movimentação no segundo pelotão da eleição, formado por Ciro Gomes e Simone Tebet.
Embora as movimentações ainda sejam tímidas, o cenário indica que, a cada dia, a chance de uma definição já no primeiro turno diminui. Confira quais foram os principais recados que as pesquisas deixaram nesta semana.
Nem-nem: terceira via chega a 16%
A terceira via, ao que tudo indica, ainda não tem grande viabilidade eleitoral, mas será a diferença entre um segundo turno ou não, como analisou Vera Magalhães. Quem acompanhou as pesquisas nos últimos meses com atenção poderia perceber sinais de que o interesse do eleitorado por uma alternativa à polarização era maior do que a pontuação de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). E o que aconteceu na primeira semana após entrevistas, propagandas na TV e um debate foi exatamente isso: alguns eleitores se movimentaram rumo à terceira via. Ciro Gomes e Simone Tebet ou oscilaram positivamente ou cresceram fora da margem de erro nas pesquisas divulgadas nos últimos dias.
Nesse sentido, um dado da Genial/Quaest vale ser citado: há mais de um ano, o instituto pergunta ao eleitor quem ele prefere que vença: Lula, Bolsonaro ou “nem Lula e nem Bolsonaro”. No último levantamento, 22% dos eleitores preferem que nenhum dos dois vença. Além disso, uma tendência histórica: desde 1989, o terceiro colocado tem, em média, 14% dos votos válidos. Somados no último Datafolha, os candidatos de fora da polarização somam
Rejeição a Bolsonaro em alta e aprovação do governo também
Na última semana, já citamos que uma diferença clara chamava a atenção nas pesquisas: a aprovação ao governo melhorava, mas a rejeição pessoal de Bolsonaro, não. A tendência permaneceu nesta semana na maioria das pesquisas e deve preocupar a campanha do presidente. O Datafolha publicado nesta quinta-feira deixou isso ainda mais claro: o percentual dos que julgam o governo ruim ou péssimo segue em uma gradual curva de queda. Eram 47% em junho, 43% no mês passado e, agora, 42%. Mas a rejeição a Bolsonaro oscilou positivamente, foi de 51% para 52%.
O governo ainda é reprovado (o mais rejeitado de um candidato à reeleição), mas Bolsonaro já foi eleito com uma rejeição perto dos 40%, como a de seu governo, em 2018. Com o índice 50%, no entanto, é quase impossível. No segundo turno, normalmente vence o candidato menos rejeitado e, não por acaso, a intenção de voto quase espelha a rejeição: Bolsonaro é rejeitado por 52% e Lula tem 53% das intenções de voto. Lula é rejeitado por 39% e Bolsonaro tem 38% das intenções de voto.
Sudeste, o campo de batalha com avanço bolsonarista
A maioria dos candidatos tem concentrado a maior parte de suas agendas nos estados do Sudeste. As campanhas identificaram que é muito improvável Lula perder votos no Nordeste. Por enquanto, a estratégia de Bolsonaro parece funcionar melhor que a de Lula. Não apenas a região é a que apresenta a maior possibilidade de mudança de cenário, mas também é a que tem o maior colégio eleitoral. A aproximação foi puxada principalmente pelos eleitores paulistas, segundo o Datafolha. A vantagem do petista em São Paulo diminuiu oito pontos, de 13 para cinco. Em Minas, caiu menos, de 20 para 17, e no Rio, permaneceu igual, em seis pontos.
Auxílio Brasil não funciona (até aqui) e a força de Lula na baixa renda
Dos quatro estratos de renda do Datafolha, o presidente Lula só aparece na liderança em um: aqueles que recebem até dois salários mínimos. A vantagem do petista entre os mais pobres ressalta o que cada vez mais parece se confirmar: o esforço do governo em aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 não parece ser o fator decisivo para converter votos em outubro.
Em primeiro lugar, a medida já é conhecida amplamente pelo eleitorado: 84% sabem do aumento, segundo a Genial/Quaest. Mas o resultado parece ser oposto ao desejado pelo governo: 35% dizem que as chances de votar em Bolsonaro diminuem sabendo do aumento. Para 41% não muda em nada e, para 22%, as chances aumentam.
Presenciais e telefônicas ainda distantes
Todas as principais pesquisas divulgadas nesta semana apontam: Lula está na frente. Mas persiste uma diferença: a pesquisa Ipespe, por exemplo, que é telefônica, mostra Bolsonaro com 35%, enquanto Ipec, Datafolha e Genial/Quaest, todas presenciais, foram unânimes e apontaram Bolsonaro com 32%. Divulgada na semana passada, a pesquisa Exame/Ideia mostrou Bolsonaro com 36% dos votos. Diferentemente da pré-campanha, agora as pesquisas presenciais são mais frequentes do que as telefônicas, e as três principais (Ipec, Datafolha e Quaest) convergem na maior parte de seus resultados, principalmente na distância entre Lula e Bolsonaro, que varia entre 12% ou 13%. Nas telefônicas, estão abaixo de 10%. O Pulso já explorou o tema em reportagem específica sobre os dois métodos. Não há resposta precisa sobre qual pesquisa estima de forma mais clara a opinião dos brasileiros. O consenso é que todos os resultados devem ser analisados em seus contextos, detalhes e, principalmente, evolução na série histórica. O simples fato de perguntas serem feitas com palavras ou ordens diferentes já pode impactar de alguma forma nas respostas dos entrevistados.