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sábado 30 de março de 2024 às 14:23h

Os 4 erros mais comuns dos novos CEOs

NOTÍCIAS, PROFISSÃO


“No primeiro ano de atividade, procure, com frequência, prestar contas e ouvir acionistas e stakeholders importantes, mesmo que esse não seja o modelo formal de relação pactuada [em contrato]”, recomenda especialista

Desenhar um retrato apressado da empresa e menosprezar as conquistas das equipes existentes. Esses são dois dos principais erros que líderes recém-contratados costumam fazer nos primeiros meses de gestão, segundo o estudo “Onboarding: integração de CEOs, diretores e conselheiros -Melhores práticas para diminuir riscos e acelerar o desempenho”, da MAIO Executive Search, de seleção de executivos.

O relatório, desenvolvido ao longo de 2023 e publicado por Jacilio Saraiva, do jornal Valor, é baseado na experiência dos sócios da consultoria em projetos de contratação de candidatos para a alta gestão no Brasil e em conversas com ex-CEOs que hoje ocupam cadeiras em conselhos.

De acordo com o relatório, os quatro enganos mais comuns cometidos pelas lideranças nos primeiros cem dias de trabalho são:

1. Diagnóstico precipitado

Todo profissional que chega em uma empresa quer agir rapidamente para “provar o seu valor”. No entanto, fazer um diagnóstico de forma precipitada pode ser um equívoco “fatal”, segundo a pesquisa.

“Uma análise mal desenhada levará a decisões erradas logo nos primeiros meses, tornando muito difícil – ou até impossível – criar relações de confiança com acionistas, equipe e demais stakeholders”, pontua o documento.

2. Ficar só na estratégia

Esse é um dos descuidos mais observados nos CEOs recém-contratados que não tiveram um bom desempenho.

“Concentrar-se apenas nos impactos de longo prazo e esquecer as entregas imediatas podem tornar o ciclo dos executivos mais curtos. As relações de confiança dependem de um correto entendimento do negócio e de entregas frequentes.”

De acordo com a pesquisa, casos bem-sucedidos de transição de gestores são precedidos por resultados de curto prazo – antes de bater o martelo sobre mudanças estratégicas.

3. Criticar o passado

Toda organização chega a um determinado patamar com méritos. É com a construção coletiva que se conquista participação no mercado, empregos e clientes, pontua o documento.

“Como as mudanças no alto escalão geralmente são fruto da necessidade de transformação das empresas, um deslize comum que observamos é que o novo dirigente começa a falar que ‘daqui para frente tudo será diferente e melhor’.”

Esse é um “escorregão” que merece destaque, dizem os pesquisadores. “Saber valorizar o que e quem trouxe a companhia até aqui, antes de falar sobre as prioridades a serem seguidas, é uma prática altamente recomendável.”

4. Falar demais para o público errado

Durante a chegada de um novo CEO, há muita expectativa sobre alterações que serão feitas e prioridades à vista, segundo o levantamento. “Saber a hora de falar e o que dizer é fundamental.”

Citar conclusões precipitadas, promessas que não poderão ser cumpridas ou anunciar de forma antecipada trocas de pessoal compõem a receita de uma transição mal feita, alertam.
Confiança é ouro

Na opinião de Marcelo de Lucca, sócio da MAIO Executive Search, dos quatro tropeços mais notados entre CEOs recém-selecionados, o que remete às estratégias que nunca decolam (número 2 da lista) pode ser um dos mais danosos à gestão.

“O aspecto mais importante para o sucesso da integração de um CEO é a construção da confiança com os stakeholders”, afirma. “Na verdade, esse elemento está na raiz dos quatro erros mencionados no estudo.”

Lucca ressalta que, no caso de uma empresa de controle familiar, a conexão com os sócios pode determinar o êxito do executivo à frente da operação. “Não há ‘receita de bolo’, mas chegar com novas decisões antes de dedicar tempo para conhecer os colaboradores, sócios, clientes e fornecedores pode ser a fórmula do insucesso.”

Além disso, continua o consultor, a ausência de uma performance mais ágil também impacta na construção da confiança. “É preciso saber equilibrar desempenho de curto prazo com transformações estruturais”, aconselha.

Gol de placa

Diante das notas do estudo, Lucca aconselha que CEOs que acabam de ser empossados reservem algumas horas do expediente para observações cruciais. “Dediquem tempo a fim de conhecer as histórias que levaram a companhia até o momento atual”, sugere. “E encontrem algum ‘gol de curto prazo’, que pode gerar valor e potencializar o sentimento de confiança dos sócios.”

O especialista também recomenda a prática da escuta ativa. “No primeiro ano de atividade, procure, com frequência, prestar contas e ouvir acionistas e stakeholders importantes, mesmo que esse não seja o modelo formal de relação pactuada [em contrato]”, explica. “O líder sempre estará cercado de histórias, pessoas e emoções. Negligenciar esses cenários intangíveis e agir somente com base na razão pode virar uma armadilha capaz de derrubar executivos competentes.”

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