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segunda-feira 16 de outubro de 2023 às 08:38h

Oposição canta vitória na Polônia em eleições cruciais para a União Europeia

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Todos os números levam a crer que a oposição democrática venceu as eleições legislativas na Polônia neste domingo (15), que teve uma participação recorde de 72% de eleitores. A provável vitória de Donald Tusk simboliza o grande retorno da Polônia aos valores europeus. Os resultados finais das eleições só devem ser anunciados na noite desta segunda-feira (16).

O líder do principal partido de oposição Plataforma Cívica, Donald Tusk, pode voltar a ser primeiro-ministro da Polônia, segundo sondagens de boca de urna, apesar da vitória do partido populista Lei e Justiça (PiS) que governa o país desde 2015. A legenda não conseguiu votos suficientes para garantir um terceiro mandato, mesmo se unindo ao partido de extrema-direita Confederação.

Na sede da Coalizão Cívica, o ex-premiê polonês Donald Tusk, que foi presidente do Conselho Europeu, comemorou a vitória. “É o fim dos tempos difíceis, acabou o reinado do PiS, conseguimos”, disse ele sob aplausos dos apoiadores reunidos. “Ganhamos a democracia, ganhamos a liberdade, ganhamos a nossa amada Polônia livre. Este dia será lembrado na história como um dia brilhante, o renascimento da Polônia”, declarou.

Surpresa democrática

O Partido Lei e Justiça (PiS) e seu líder Jaroslaw Kaczynski conquistaram 36,8% dos votos, a frente dos 31,8% da legenda de Donald Tusk. Junto com dois outros partidos, a Plataforma Cívica deve obter 248 das 460 cadeiras da Sejm, a Câmara dos Deputados local.

As eleições, consideradas cruciais para o futuro da União Europeia, tiveram taxa recorde de comparecimento: 72%, a maior participação desde o fim do comunismo em 1989.

Os resultados finais não devem ser divulgados antes da noite desta segunda-feira. A contagem está sendo complicada por um referendo que o atual governo adicionou à votação para promover questões sobre imigração, segurança e aposentadoria que estiveram no centro de sua campanha. Donald Tusk pediu aos eleitores que boicotassem o referendo.

Risco de “Polexit”

Donald Tusk advertiu que a Polônia poderia sair da União Europeia caso o partido Lei e Justiça (PiS) conquistasse um terceiro mandato. “O povo polonês provou que não quer o “Polexit” – a saída do país do bloco”. “A democracia na Polônia impediu o ‘Polexit’ porque um terceiro mandato do PiS significaria deixar de lado o projeto europeu”, afirmou o líder da oposição.

Com a ascensão de Tusk, a Hungria de Viktor Orbán se torna uma peça bastante isolada no tabuleiro político do bloco. A provável vitória da Plataforma Cívica simboliza o grande retorno da Polônia aos valores europeus.

Durante a campanha, Tusk prometeu reposicionar Varsóvia em um caminho pró-europeu firme, restaurar a independência dos juízes e desbloquear bilhões de euros retidos pela Comissão Europeia por causa da disputa com o governo do PiS sobre as reformas judiciais.

Na contramão de Bruxelas

A erosão dos valores democráticos na Polônia causa problemas há anos na União Europeia. As relações entre Bruxelas e Varsóvia estão estremecidas desde que o Partido Lei e Justiça (PiS) chegou ao poder, em 2015. O cerceamento à Justiça, à mídia, à liberdade de expressão e aos direitos das mulheres no país fez com que o bloco europeu ativasse, em 2016, pela primeira vez um procedimento de infração conhecido como artigo 7 por risco de “grave violação do Estado de Direito” na Polônia.

De lá pra cá, a tensão só aumentou; este ano, o Tribunal de Justiça da União Europeia determinou que o sistema judicial polonês violou a legislação comunitária. Essa foi a terceira vez que o governo polonês foi punido pela mais alta instância jurídica do bloco.

Recentemente, Varsóvia entrou mais uma vez em colisão com Bruxelas ao proibir a importação de cereais ucranianos para proteger os seus agricultores, parte importante do eleitorado do PiS. Por causa da tensão criada pelo embargo, o governo polonês admitiu ser possível tirar toda a ajuda – os benefícios fiscais e sociais – que tem dado a cerca de um milhão de refugiados ucranianos, além de não enviar mais armas para a vizinha Ucrânia.

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