Integrantes do Itamaraty têm a expectativa de que o discurso do presidente Bolsonaro na abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira (21), siga uma linha “mais moderada” do que os anteriores. É praticamente consenso, no entanto conforme a coluna de Bela Megale no O Globo, que a fala não tem capacidade de restaurar a imagem do Brasil no exterior.
A proposta do discurso encaminhado a Bolsonaro pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, e sua equipe buscou focar aspectos positivos do país, em especial sobre a vacinação contra a Covid-19. Entre os temas destacados pelo Itamaraty estão campanhas de vacinação, a perspectiva de vacinar todos os brasileiros com primeira ou segunda dose até outubro e o projeto de transformar o Brasil em um polo produtor de vacinas. Além disso, foi sugerido a Bolsonaro sinalizar doações de vacinas a países da região.
No proposta do discurso, o Itamaraty destacou também acenos sobre compromissos assumidos pelo presidente brasileiro na Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril. Entre eles estão o aumento do orçamento do Ibama, além de dados e ações sobre a redução do desmatamento em relação ao ano passado. Na área humanitária, foi proposto a Bolsonaro fazer uma menção ao acolhimento de afegãos pelo governo brasileiro, com citação a uma portaria que prevê a concessão de vistos a refugiados.
A avaliação de integrantes do Itamaraty é que o ministro França tentou se equilibrar entre a tentativa de recompor a imagem do Brasil e acenos à base bolsonarista. A dúvida que permanece entre membros da pasta é o quanto dessas sugestões serão acatadas por Bolsonaro. Membros da comitiva presidencial nos Estados Unidos relataram que o presidente mostrou descontentamento com o texto que recebeu.
– Chegou ao presidente um discurso menos inflamado. O interessante é ver se esse equilíbrio vai prevalecer – disse à coluna um integrante do alto escalão da pasta das Relações Exteriores.