A Educafro, o Centro Santo Dias de Direitos Humanos e o Odara Mulheres Negras protocolaram conforme o jornal O Globo desta quarta-feira (12) a primeira ação civil pública que pede a erradicação do racismo estrutural no ambiente de trabalho no Brasil.
A ação foi aberta na 35ª Vara do Trabalho de Salvador contra o grupo Atakadão Atakarejo da Bahia por causa da morte de dois homens negros motivada por seguranças da rede de supermercados. As ONGs afirmam que o ambiente de trabalho da empresa está contaminado pela violência racial, permitindo que funcionários recebam ordens que provocam a homicídio de pessoas negras por motivo fútil, em um caso de racismo estrutural.
Em 29 de abril, Bruno da Silva, de 29 anos, e seu sobrinho, Ian da Silva, de 19 anos, foram detidos por seguranças de uma unidade do Atakarejo, em Salvador, por supostamente terem furtado um pacote de carnes. Em vez de serem entregues à polícia, os dois foram espancados pelos seguranças e, em seguida, entregues a traficantes da facção criminosa da região. As vítimas chegaram a fazer contato com a família, que se mobilizou para conseguir juntar R$ 10 mil de resgate, mas os dois foram julgados pelos traficantes em uma espécie de “tribunal do crime” e morreram com mais de 30 tiros e facadas.
A ação pede uma indenização de R$ 207 milhões para a comunidade negra que seria convertida prioritariamente em bolsas de estudo. Há também demandas contra o racismo estrutural como a presença de negros em todas as instâncias da empresa na mesma proporção em que estão presente na sociedade e a criação de um programa permanente de treinamento em direitos humanos e igualdade.