A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a grande parte da população mundial terá de esperar provavelmente até 2022 para ser vacinada contra a covid-19, apesar dos avanços da ciência. O recado foi emitido hoje pela entidade, que insiste que não haverá uma capacidade de produção suficiente para abastecer o mundo com vacinas de forma imediata.
De acordo com a agência, a prioridade será a de garantir a vacina para profissionais do setor de saúde, idosos e pessoas com condições de vulnerabilidade. Juntos, esses grupos não somam sequer 20% das populações dos países.
“Para uma pessoa comum, jovem e saudável, talvez será preciso esperar até 2022 para ter a vacina”, declarou a cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan. Para ela, o mundo deve ter uma vacina em 2021, mas será “em quantidade limitada”.
Soumya indica que a esperança é de que, ao vacinar uma parcela da população, a taxa de mortalidade seja reduzida e que a transmissão possa cair.
Nunca ninguém produziu vacinas nessa quantidade”, disse. “Não é que, no dia 1 de janeiro de 2021, seremos todos vacinados e a vida vai voltar ao normal.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.
Segundo ela, para que a vacina gere uma imunidade de rebanho, 70% da população mundial terá de receber o produto, cerca de 5 bilhões de pessoas. Nesse momento a cadeia de transmissão seria interrompida.
OMS tenta frear clima de que pandemia já passou
Nos bastidores, fontes do alto escalão da OMS indicaram que o recado de Soumya tem como objetivo frear um clima e uma narrativa entre certos governos de que medidas de contenção podem ser abandonadas, já que a vacina está próxima.
Na agência, a esperança real é de que resultados positivos sobre os testes relacionados à vacina já sejam anunciados antes do final do ano e que, em 2021, esses primeiros grupos serão imunizados. Mas, até o final do próximo ano, a meta é de que a maior campanha de vacinação da história chegue a 2 bilhões de pessoas, muito inferior à metade da população do planeta, hoje estimada em 7,7 bilhões de pessoas.
Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, insiste que o mundo não precisa esperar a vacina para todos para garantir um controle do vírus. “Temos instrumentos hoje para impedir a transmissão [da covid-19]”, disse a americana, que destaca como governos de diferentes partes do mundo conseguiram manter taxas baixas de contaminação, mesmo sem a vacina.