Organização Mundial da Saúde liberou US$ 3 milhões para a resposta na Turquia e na Síria; diretor-geral, Tedros Ghebreyesus, fala em “corrida contra o tempo para salvar vidas”; outras agências da ONU continuam intensificando assistência.
A Organização Mundial da Saúde entregou 72 toneladas de suprimentos médicos, para a Turquia e a Síria, para apoiar os esforços de resposta ao terremoto de segunda-feira. O envio deverá atender a 400 mil pessoas.
Segundo agências de notícias, o desastre deixou mais de 20 mil mortos e milhares de feridos. Os números podem subir, conforme o trabalho de resgate vai avançando.
Tratamento para ferimentos e pneumonia
O primeiro voo com o carregamento partiu para a Turquia na quinta-feira. O segundo chega nesta sexta-feira à Síria. No total, os suprimentos serão usados para tratar e cuidar de 100 mil pessoas, assim como para 120 mil cirurgias urgentes em ambos os países.
Um terceiro voo está programado para chegar à Síria no domingo. E deve transportar itens de saúde de emergência para apoiar mais 300 mil vítimas.
A OMS liberou US$ 3 milhões do Fundo de Contingência para Emergências para a resposta nos dois países.
Além do tratamento de feridos pelo terremoto, esses suprimentos também vão tratar doenças como pneumonia, que devem aumentar nos próximos dias, com as pessoas desabrigadas nas ruas ou em abrigos temporários expostas a temperaturas frias.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que esta é “uma corrida contra o tempo para salvar vidas”.
Alimentação é a principal necessidade para os sobreviventes
Já o Programa Mundial de Alimentos, PMA, forneceu assistência alimentar para 115 mil pessoas na Síria e Turquia nos primeiros quatro dias desde que terremotos mortais atingiram a região.
A diretora regional do PMA para o Oriente Médio e Norte da África, Corinne Fleischer, disse que “para as milhares de pessoas afetadas pelos terremotos, a comida é uma das principais necessidades no momento”.
O PMA está pedindo US$ 77 milhões para fornecer assistência para um total de 874 mil pessoas afetadas pelo terremoto nos dois países. Isso inclui 284 mil pessoas recém-deslocadas na Síria e 590 mil pessoas na Turquia, incluindo refugiados e deslocados internos.
Comboio de ajuda para a Síria
Também nesta sexta-feira, o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, OIM, informou que 14 caminhões transportando ajuda humanitária foram enviados do armazém da agência em Gaziantep, cidade turca epicentro do terremoto, para o noroeste da Síria, área mais afetada pelo tremor.
António Vitorino afirma que o carregamento vai aliviar milhares de famílias que tiveram casas e meios de subsistência destruídos.
Situação humanitária grave em Alepo
A presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Mirjana Spoljaric, visitou Alepo, cinco dias após o terremoto mortal. Ela disse que “é difícil encontrar palavras para descrever o nível de perda, sofrimento e destruição” que viu e ouviu falar.
Spoljaric ressaltou que, em muitos lugares como Alepo, as pessoas mal começaram a voltar para casa para reconstruir suas vidas. E “agora estão tendo que sobreviver às temperaturas congelantes com quase nada”.
Para a representante da Cruz Vermelha, serviços básicos como água potável, aquecimento, assistência médica, eletricidade já eram extremamente fracos antes do terremoto, mas a situação humanitária é ainda mais grave hoje.
Ela agradeceu aos voluntários e socorristas, incluindo os parceiros do Crescente Vermelho, que trabalham dia e noite desde segunda-feira para salvar vidas.
A visita de Spoljaric, para chamar a atenção para as necessidades e situação das pessoas na Síria, foi agendada antes do terremoto.
“Uma crise dentro de uma crise”
Falando de Damasco, capital síria, a jornalistas em Genebra, o representante da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, no país, disse que até 5,3 milhões de pessoas podem ter ficado desabrigadas pelo terremoto.
Sivanka Dhanapala ressaltou que o Acnur está se concentrando muito em itens de abrigo e socorro, garantindo que os centros coletivos de deslocados tenham instalações adequadas, assim como tendas, lonas plásticas, cobertores térmicos, colchonetes, roupas de inverno, entre outros.
Ele disse que a prioridade são os mais vulneráveis, como idosos, pessoas com deficiência, crianças. E, principalmente, aquelas que foram separadas de seus pais.
O representante da agência afirma que, para a Síria, “esta é uma crise dentro de uma crise”. Ele lembrou os choques econômicos, Covid e agora o auge do inverno, com fortes nevascas nas áreas afetadas.
Fundo de emergência da ONU
Além disso, funcionários do Acnur estão dormindo do lado de fora de suas casas porque estão preocupados com os danos estruturais das construções. Ele lembrou também que, antes do terremoto, há havia 6,8 milhões de pessoas já deslocadas internamente no país.
No início da semana, as Nações Unidas haviam anunciado uma doação de US$ 25 milhões para ajudar na resposta humanitária, através do Fundo Central de Resposta a Emergências, Cerf.
Nesta sexta-feira, foi anunciado que mais US$ 25 milhões serão liberados para ajudar a fornecer assistência urgente para salvar vidas.