A Organização Mundial da Saúde alertou nesta segunda-feira (12) sobre o aumento na quantidade de casos de infecções por novo coronavírus na Europa e nas Américas. Ainda assim, o Brasil foi destacado como exemplo positivo durante uma entrevista coletiva promovida pelo órgão. Diretor executivo da instituição, Michael Ryan disse que a OMS celebra o fato de que o Brasil mostra números “estabilizando ou recuando” na Covid-19, mas ressaltou que eles “seguem altos”. Além disso, Ryan comentou que o fato de que a desaceleração nos casos da doença “não exclui um novo pico” nos próximos meses.
A OMS segue preocupada com o aumento de contaminações. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização, lembrou que, nos últimos dias, foram registrados recordes consecutivos de casos diários da doença pelo mundo. “Muitas cidades e países também estão reportando um aumento nas hospitalizações e na ocupação de UTIs”, alertou Tedros, ao pedir que as nações sigam atentas aos problemas e que as pessoas mantenham as medidas já conhecidas para conter o problema. Ao mesmo tempo, ele lembrou que o quadro pelo mundo é irregular. “Quase 70% de todos os casos da Covid-19 reportados globalmente na última semana são de dez países e quase a metade dos casos vem de apenas três países”, destacou.
Em sua fala inicial, Tedros comentou a questão da imunidade de rebanho. Ele lembrou que nunca na história da saúde pública essa imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a um surto de doenças, “que dirá de uma pandemia”. “Isso é científica e eticamente problemático”, ressaltou. Como exemplo, disse que a imunidade de rebanho contra o sarampo requer que cerca de 95% da população esteja vacinada, com os 5% restantes protegidos pelo fato de que a doença não será disseminada entre os demais. No caso da pólio, essa porcentagem é de 80%, citou.
Nesse contexto, o diretor-geral da OMS lembrou que ainda não se sabe o quão forte ou duradoura é a resposta imune à Covid-19. Além disso, notou que muitas pessoas pelo mundo continuam a ser suscetíveis à doença, por isso deixar o vírus circular causará mais contaminações e mortes, advertiu, lembrando também que não se sabe o suficiente até agora sobre os efeitos de longo prazo da doença em parte dos pacientes.