O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciou na última quarta-feira (7) que convocará um painel de especialistas “o mais breve possível” para aconselhar sobre se o surto da varíola M na África é emergência de saúde global.
Tedros Ghebreyesus disse que eclosão do surto da doença, também conhecida como mpox, ocorreu na República Democrática do Congo, RD Congo. Depois espalhou-se para Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda que juntos concentram 14 mil casos este ano. Ele revelou que a doença causou um total de 511 mortes.
Emergência de saúde pública de interesse internacional
Após a determinação dos membros do comitê de emergência, caberá ao diretor-geral a decisão final sobre se a doença será declarada emergência de saúde pública de interesse internacional.
O atual surto envolve uma versão diferente do vírus da varíola M conhecida como clado 1, subtipo 1b, que está associada a uma taxa de mortalidade mais alta do que a do vírus clado 1, subtipo 2b, que foi predominante no surto anterior.
De acordo com a OMS, surtos de varíola M têm sido relatados na RD Congo há décadas, mas o número de casos tem aumentado constantemente a cada ano. As notificações observadas no primeiro semestre de 2024 equivalem ao total do ano passado, antes do vírus se espalhar para províncias não afetadas anteriormente.
Além de terem sido confirmados casos em Burundi, no Quênia, no Ruanda e no Uganda no mês passado, houve primeiros relatos de pacientes suspeitos em quatro países vizinhos do território congolês.
Parceria com governos dos países afetados
Até agora, países como Quênia, Ruanda e Uganda registaram casos do clado 1. Ainda vem sendo analisada a variante do clado no Burundi, destacou o chefe da OMS.
Este ano, além da RD Congo o clado 1 foi detectado na República Centro-Africana e na República do Congo. O clado 2 foi notificado em territórios de Camarões, Cote d’Ivoire, conhecida como Costa do Marfim, Libéria, Nigéria e África do Sul.
A OMS atua para “entender e abordar fatores por detrás desses surtos” em parceria com os governos dos países afetados e com o Centro de África de Prevenção de Combate a Doenças, CDC, além de ONGs, sociedade civil e outras entidades.
O objetivo é interromper a transmissão, numa ação que “exigirá uma resposta abrangente, com as comunidades tendo um papel central”.
Plano de resposta regional
As recomendações permanentes da OMS sobre a varíola M desencorajam restrições de viagem aos países afetados. Um plano de resposta regional orçado em US$ 15 milhões pretende apoiar ações de vigilância, preparação e resposta.
A agência anunciou ter autorizado US$ 1 milhão do Fundo de Contingência da OMS para Emergências em apoio à ampliação da resposta e planeja colocar mais valores ao dispor para acelerar a atuação nos próximos dias.
Duas vacinas contra a varíola M já foram aprovadas por autoridades regulatórias de países associados à agência. A recomendação foi feita pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS.
Para acelerar o acesso à vacina, a agência adotou um novo processo para listagem de uso emergencial de ambas os imunizantes, especialmente para países de baixa renda que ainda não têm aprovação regulatória nacional.