A redução do comércio internacional poderá diminuir oportunidades de crescimento e inclusão social em muitos países. Para evitar isso, governos de nações precisam adotar medidas internas para fortalecer suas economias e complementar as políticas voltadas a exportações e importações. Esta é a principal conclusão do relatório Comércio Mundial 2024 da Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo título é “Comércio e inclusão: como fazer para que o comércio funcione para todos”.
Para a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, o protecionismo comercial não é um caminho eficiente para a inclusão social. “Restringir o comércio é normalmente uma forma cara para proteger empregos para grupos específicos na sociedade e pode elevar custos de produção, enquanto convida retaliação custosa de desapontados parceiros comerciais”. Ela fez o comentário no prefácio do documento.
O relatório destaca que reformas unilaterais de comércio adotadas por países em desenvolvimento, na média, reforçaram o crescimento econômico de seus países entre 1 e 1,5 ponto porcentual, o que resultou em um aumento de “10 a 20 pontos porcentuais no aumento da renda ao longo de uma década.” Uma simulação da OMC apontou que entre 1995 e 2020 a redução dos custos do comércio levaram a um aumento de 6,8% do produto interno bruto (PIB) mundial em termos reais no período, enquanto as economias de baixa renda apresentaram uma expansão de 33%.
Segundo Ngozi Okonjo-Iweala, uma maneira mais promissora para que a economia global “funcione para todos” baseia-se no que a OMC chama de “re-globalização”, que é incorporar mais países que estão na margem do comércio internacional com o aumento de investimentos direcionados ao aumento das suas exportações e importações.
De acordo com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, “novas e prospectivas regras” em áreas como comércio digital, facilitação de investimentos para desenvolvimento e regulação de serviços domésticos podem ajudar a avançar o processo de re-globalização. “Manter o livre comércio baseado em regras previsíveis deve ser parte do caminho de qualquer país para uma maior inclusão”, destacou.
Restrições
O relatório da OMC destaca que “algumas economias não se beneficiaram completamente da globalização” devido a altas tarifas domésticas e no exterior, baixa integração regional, burocracia administrativa, precária infraestrutura física e digital, além de fracas instituições. Com estas dificuldades, vários países tiveram restrições para acesso a mercados internacionais, tecnologia estrangeira e insumos de alta qualidade. A instituição internacional também destaca que um grupo de nações enfrentou obstáculos para expandir as vendas de produtos para o exterior porque não apresentaram uma diversificada cesta de exportações.
O documento da Organização Mundial do Comércio ressalta que tensões geopolíticas, revolução tecnológica e o aquecimento global impõem significativos riscos para o avanço de economias de baixa renda. Segundo a OMC, a diversificação de cadeias internacionais de produção, a elevação de exportações e importações de serviços, além da expansão comercial em energias renováveis e minerais importantes para o desenvolvimento de tecnologias climáticas podem criar oportunidades para países em desenvolvimento.