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sexta-feira 4 de novembro de 2022 às 13:27h

O que vem pela frente na economia

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Terminadas as eleições, o presidente Lula começa a traçar efetivamente quais serão os passos e a marca de política econômica que pretende empreender no País. A equipe de transição entrou em campo sob o comando do ex-governador paulista e agora vice eleito da República, Geraldo Alckmin. Em Brasília a expectativa é de negociações intensas, especialmente junto ao Congresso, para poder validar algumas rotas. A principal delas diz respeito ao orçamento público, que foi enviado ao Parlamento de maneira totalmente desconjuntada, e sem ordenamento mínimo e coerente de gastos, pela atual administração. Lá estão previstos cortes tão acentuados em áreas estratégicas da Educação, Ciência e Tecnologia que poderiam praticamente inviabilizar algumas atividades. Universidades federais, por exemplo, estão por um fio. A situação fiscal como um todo é classificada como desastrosa. Não há previsões de receitas compatíveis com os gastos. Tudo parece ter sido feito de afogadilho, para contemplar os interesses eleitoreiros, dando destaque às emendas do relator que compõem, também para 2023, o famigerado orçamento secreto. Lula quer mudar isso. Defende o que chama de um “orçamento participativo”. Segundo um dos integrantes de sua equipe de transição, o grupo de trabalho já está assustado com o que viu. Técnicos estão começando a estudar como criar uma nova âncora fiscal que substitua o teto por algo mais factível. Também entrou no radar a reforma tributária, a administrativa e algum tipo de ajuste na reforma trabalhista, que está em vigor. A questão do equilíbrio das contas, todos sabem, e dividem ali dentro do time de análise a mesma impressão, é pedra de toque para garantir a credibilidade junto aos investidores externos e ao mercado. O presidente eleito Lula está ciente e especialmente preocupado nesse sentido. Ele deseja garantir uma relação intensa e mais produtiva com os atores internacionais. Incrementar parcerias e engajar o Brasil na agenda ambiental da qual, acredita, o País foi praticamente alijado por seu antecessor. Pedra de toque do projeto econômico será a garantia dos benefícios sociais e a volta do Bolsa Família em valores mais generosos — no mínimo, no patamar dos R$ 600 aplicados agora, no intervalo eleitoral, pelo capitão Bolsonaro com o batismo de Auxílio Brasil. Lula fala de converter o Brasil em uma potência verde em estreito entendimento com o agronegócio (que lhe virou as costas na campanha). A Amazônia e efetivas ações para diminuir os desmatamentos e queimadas na região, que bateram recordes, vão estar no foco das atenções. O novo governo parece convencido de que esse é o ponta pé inicial para reorganizar toda a economia. Uma coisa estaria diretamente ligada a outra, dado o custo da falta de investimentos que a situação de descaso e descalabro ambiental estava provocando. O retorno do Fundo Amazônia, com bilhões pilotados pela Noruega, já seria um sinal de vantagem evidente da iniciativa. De uma forma geral, o jogo de medidas será traçado em um novo compasso. Isso, naturalmente, tem deixado qualquer investidor externo mais tranquilo. A herança maldita do antecessor inclui o descaso com agências reguladoras e institutos como o INPE, IBGE, a Coaf e quetais. Entrou no radar o reforço de recursos e a reformulação deles. Um bom começo.

Carlos José Marques
Diretor da revista IstoÉ

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