Lula chegou ao jantar com caciques do MDB dizendo segundo o jornalista Lauro Jardim, estar mais disposto a ouvir do que falar. Em tom de brincadeira, disse que ia aproveitar as “orelhas de abano” para escutar conselhos dos aliados e que preservaria a voz, que tem andado rouca (talvez por consequência do câncer na laringe), evitando falar muito até que se inicie um tratamento fonoaudiólogo para fortalecê-la já mirando os discursos para as eleições presidenciais.
A brincadeira do petista também tem uma razão. Nas últimas semanas, Lula tem recebido críticas por ter entrado, por conta própria, no espinhoso terreno das pautas de costumes de Bolsonaro. Recentemente, o petista defendeu o aborto e se viu obrigado a amenizar suas declarações. Aos caciques do MDB e senadores do PT, PSD, Rede e PDT, ontem, porém, Lula justificou suas últimas declarações.
Na casa de Eunício Oliveira, Lula disse que arriscou entrar nos temas dogmáticos por saber que Jair Bolsonaro vai abordar esses assuntos. Ouviu de senadores a dica para não se antecipar às polêmicas, para esperar o conflito e, somente após, escolher as armas para agir. E que a campanha também precisa reforçar o time de mídias digitais para não perder a batalha digital.
Lula demonstrou preocupação também com o nível dos ataques que ocorrerão nas redes sociais. Voltou a defender uma espécie de regulação das mídias sociais e lamentou quando, em 2019, uma pessoa usou as redes sociais para criticar a morte de seu netinho de 7 anos alegando que havia menos um corrupto no mundo.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, ouviu a maioria das críticas em silêncio, evitando o embate, por exemplo, com o senador Omar Aziz, que cobrou humildade da campanha petista.