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quinta-feira 18 de julho de 2024 às 10:24h

O governo ‘precisa de alguém que pense e execute projetos’, diz João Leão

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O deputado federal João Leão (PP) afirmou em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, que o governo de Jerônimo Rodrigues (PT) precisa de alguém que “pense” em ações mais estratégicas para o desenvolvimento do estado da Bahia. Ele destacou a construção da ponte Salvador-Itaparica. Em sua visão, é preciso ampliar as novidades para além do equipamento, como a necessidade de duplicações nas rodovias baianas.

Durante a conversa, o deputado, ex-vice-governador da Bahia, abordou diversos aspectos da gestão estadual, apontando falhas e sugerindo melhorias. Ele disse, por exemplo, que há falta de planejamento e execução de políticas públicas, destacando que a atual administração precisa de ajustes para atender melhor às demandas da população.

Na ocasião, Leão também mencionou iniciativas que, em sua visão, poderiam contribuir para um avanço significativo na infraestrutura e na qualidade de vida dos baianos, ressaltando a importância de investimentos em áreas como saúde, educação e segurança pública.

Leão analisou a recente oficialização da pré-candidatura de Geraldo Júnior à Prefeitura de Salvador pelo MDB, que tem Fabya Reis (PT) como vice na chapa. Ele considerou improvável que a dupla represente uma ameaça significativa à reeleição do atual prefeito Bruno Reis (União Brasil).

O parlamentar baseou sua análise em pesquisas recentes de opinião. Ainda segundo o deputado, esses números indicam uma grande dificuldade para a candidatura de Geraldo Júnior se tornar competitiva.

Confira a entrevista ao jornal Tribuna:

Tribuna – Sobre a PEC das Praias, proposta que tem gerado muita polêmica no Congresso, muitos conflitos de informação, do que se trata e como o senhor se posicionou na votação dessa questão?

João Leão – A PEC das Praias eu acho importante no seguinte: você quando viaja o mundo inteiro, você vê uma série de resorts, uma série de coisas à beira mar. Aqui, no Brasil, nós temos alguns, porém muito recuados. O pessoal quer chegar mais perto do mar. E essa história de dizer que a praia não é pública é conversa fiada. Você vem pela praia, não tem problema nenhum, ninguém pode proibir ninguém de andar pela praia. Estão criando um elefante no lugar de um burrico.

Tribuna – E sobre essa questão de privatização? Isso está previsto de fato?

João Leão – Eu vou dar um exemplo: eu fui prefeito de Lauro de Freitas. Ali em Vilas do Atlântico e na Praia de Ipitanga os 36 metros da preamar média foram todos invadidos. Em Vilas você só tem o calçadão lá. Então todo mundo avançou. Sabe quanto pagam de imposto ali? Nada. Aí você vai em Ipitanga e não paga absolutamente nada, nem IPTU você paga à Prefeitura. O que está previsto é o seguinte: eu acho que deve passar na minha ótica para os municípios. Os municípios administrariam isso. Um exemplo de como está: eu tenho um terreno de 700 metros quadrados na beira da praia. Eu entro, faço minha cerca mais para frente, mais uns 20 metros. 20 por 20, e eu ganho 400 metros quadrados de graça. Isso é uma maneira de você dar receita aos municípios.

Tribuna – O governo federal comemorou nessa semana, o presidente Lula se pronunciou, sobre o avanço no emprego. O senhor acha que o governo tem acertado ou errado mais na economia?

João Leão – O problema é o seguinte: depois da pandemia, todos os países do mundo começaram a voltar ao normal. Se você fizer as contas de antes da pandemia, nós ainda não atingimos os índices que nós tínhamos antes da pandemia. Porém, a pandemia deixou isso praticamente em uma situação muito difícil.

Tribuna – Na sua concepção, o diálogo com o governo melhorou nesses últimos meses ou continua ruim em relação ao início do governo?

João Leão – Continua ainda com muita dificuldade. Se não fosse o PP, através de Arthur Lira, através das nossas bancadas, do União Brasil, dos partidos de centro, nós ganhamos de goleada. Existe um certo equilíbrio entre a esquerda e a direita. A esquerda tem 120 deputados, a direita tem 110. Com mais alguns enxertados em outros partidos de centro, você vai para 136. Então, o que acontece com isso: para onde o centro pende a votação é expressiva e nós ganhamos. Nesta semana, os vetos de Lula nós derrubamos com 338 votos contra 90 e poucos.

Tribuna – Tem se falado cada vez mais na sucessão de Arthur Lira à presidência da Câmara, inclusive no nome de Elmar Nascimento, que seria o favorito de Arthur Lira. Como o PP está acompanhando isso?

João Leão – A Bahia tem a felicidade de ter dois candidatos: Elmar Nascimento e Antonio Brito. Os dois são meus amigos. São dois candidatos fortes. E isso se eles não tomarem cuidado, se não houver um consenso entre os dois, terminará caindo no colo de outro.

Tribuna – Então é preciso um diálogo entre os dois?

João Leão – Lógico. Dois deputados da Bahia têm que entrar em um consenso.

Tribuna – Falando um pouco sobre Salvador, tivemos na semana passada a oficialização da pré-candidatura de Geraldo Júnior, que anunciou Fabya Reis como vice. O senhor vê alguma competitividade ou alguma chance de causar alguma dificuldade a Bruno Reis?

João Leão – Acho muito difícil. A última pesquisa que saiu daí que eu tive notícias. Bruno está 77% [64%] e o menino [Geraldo] está com 13%.

Tribuna – O senhor acha que Lula vai ajudar na campanha?

João Leão – Acho muito difícil. A mesma coisa em Lauro de Freitas, onde a Débora Régis está com 59% e o outro candidato está com 8%. Em Salvador, Bruno Reis ganha no primeiro turno disparado.

Tribuna – O senhor nessa semana falou sobre a questão da ponte Salvador-Itaparica. O senhor falou sobre a demora de o projeto sair do papel. Como está vendo o andamento desse processo?

João Leão – O caso não é só a ponte Salvador-Itaparica. Eu coloquei uma emenda na LDO, coloquei uma emenda no PPA, no PPA eu coloquei R$ 1,5 bilhão, e na LDO eu coloquei R$ 2,3 bilhões na base de meta. O problema não é só a ponte. Se você fizer a ponte e não fizer a continuidade da obra que a ponte precisa você vai transformar a Ilha de Itaparica em um pesadelo. Você não vai ter fluxo de tráfego suficiente, e você vai ter problemas. Então você tem que duplicar também a ponte do Funil, tem que levar a duplicação até Nazaré, e Nazaré até Santo Antônio de Jesus, atingindo a BR-101, através a BR-101 e ir até Castro Alves, de Castro Alves levar até a BR-116. Você vai receber todo tráfego da BR-242 e vai receber o tráfego da BR-116, aí você pega o tráfego da BR-116, o tráfego da BR-101 e traz para Salvador, você vai diminuir algo em torno de 100 quilômetros. Então você tem que fazer esse complemento de obra e o governo está de braços cruzados. Não toma providência nenhuma. Cadê esses projetos? Não tem. O projeto da ponte Salvador-Itaparica tem que ir até a ponte do Funil, que em modesta parte quem fez aquele projeto fui eu.

Tribuna – É um projeto muito mais complexo do que parece, não é só fazer uma ponte…

João Leão – É um projeto muito grande. Você tem a continuidade depois. De Nazaré você tem que levar a duplicação até Valença, de Valença até Itacaré. De Itacaré até Ilhéus, de Ilhéus até Porto Seguro, aí você cria para a Bahia um desenvolvimento econômico que você triplica a receita do Estado. Não sei se você viu um vídeo meu na divisa da Bahia com Sergipe, elogiando o asfalto de Sergipe e mostrando que a Bahia precisa duplicar da divisa de Sergipe até encontrar ali no município da divisa de Mata de São João uma duplicação. Isso já tem pedágio, já tem tudo, é só o Estado chamar a empresa e fazer. Está parado, ninguém pensa em nada disso. Você criar um aditivo ao contrato, aumentar o prazo de validade do contrato para a empresa imediatamente começar. Eu fiz isso quando eu construí ali a duplicação da CIA-Aeroporto, que foi toda duplicada, até o Polo Petroquímico, e fizemos tudo isso e agora no gatilho que nós colocamos na duplicação se fez o contorno de Lauro de Freitas, a Via Metropolitana. Então tudo isso precisa ser feito, precisa ser pensado. Tem que ter alguém para pensar o estado da Bahia. Por exemplo, por que não pensar essa duplicação no litoral norte? Duplicações no litoral sul… a duplicação até Barreiras, até Luís Eduardo Magalhães, isso que dá estrutura. Você chega em São Paulo, e não só em São Paulo, você chega nos Estados Unidos está tudo duplicado. Você chega na China, a mesma coisa. Eu andei lá 2.800 quilômetros em uma rodovia só, toda duplicada, de uma ponta até a outra. O governador precisa de alguém que pense nessas coisas e execute esses projetos. Vou dar um outro exemplo: se eu não tivesse executado o projeto da ponte Salvador-Itaparica não existiria nada. Se eu não tivesse executado o projeto da Fiol não existiria nada disso. Então tem que ter alguém no Estado que precisa pensar, precisa colocar uma cabeça pensante, e não ficar só com piadinha. Agora mesmo, eu fiz o projeto para o Exército tomar conta do Rio São Francisco. Imagine, em 1930, em 1940, em 1950 e 1960, nós tínhamos plena navegação no São Francisco. Se acabou tudo. Você tem que ter alguém que pense nesse Estado, que pense nas coisas, e que faça acontecer. Eu fiz esse projeto com o objetivo de atuar com o Exército. Você tem batalhão que está de braços cruzados, sem fazer nada, os soldados não fazem nada. Coloca eles para tomar conta do São Francisco, e eles querem isso, eles querem trabalhar, querem executar, mas tem que ter recurso para poder fazer isso. Então são essas coisas que você tem que ter alguém que pense. Lula disse essa semana que depois de Getúlio Vargas e depois de Pedro 2º ele é o “porretão”. Ele esqueceu de Juscelino Kubitschek, que foi o homem que construiu todas as rodovias brasileiras. A BA-020, a BA-030, a BA-040, ele abriu tudo isso e de lá para cá os governos que vieram ficaram só olhando, ninguém fazendo, ninguém fazendo acontecer. Então alguém tem que ter cabeça nesse país e começar a pensar, agora é pensar e fazer obras que deem o retorno econômico para o Estado, para a União e para os municípios.

Tribuna – A gente viu, a nível nacional, no Rio Grande do Sul, a enchente no mês passado acendeu um alerta no país todo. O senhor acha que a Bahia, principalmente no Sul e outras regiões, está preparada para enfrentar algum tipo de desastre?

João Leão – Nenhum lugar do mundo não está preparado para receber a quantidade de chuva que o Rio Grande do Sul recebeu. O Rio Grande do Sul recebeu, em um único dia, 720 milímetros de chuva, isso é um desastre. Em qualquer local do mundo isso é um desastre. Não é só na Bahia, não é só no Rio Grande do Sul, não é só no Brasil, é em qualquer lugar do mundo. Isso é o efeito estufa, é um problema do clima. Então você tem que desmatar menos a Amazônia. Outro exemplo: eles querem desmatamento zero no Cerrado e na Amazônia, não é muito melhor, no Cerrado, você plantar cacau, no Cerrado é uma árvore aqui e outra lá, se você faz um plantio de cacau no Cerrado, se você faz um plantio de palmeiras na região do São Francisco, se você faz um plantio de cana-de-açúcar na região do São Francisco, diminuem as consequências do clima e você gera mais oxigênio. A planta recebe o oxigênio e emite para a atmosfera, isso faz com que você tenha um equilíbrio total. A Amazônia, está certo, a Mata Atlântica já está fechada ali, mas o Cerrado é muito melhor você dar condições aos produtores. O cara quando planta lá, por exemplo, mil hectares de soja, ele está ganhando oxigênio com aquela geração de oxigênio que a soja, que o milho, que o algodão, que tudo que planta é melhor do que não ter nada no Cerrado.

Tribuna – O senhor acha que o governo da Bahia pode fazer uma medida efetiva nesse sentido?

João Leão – É preciso fazer um estudo completo. Vou dar um exemplo: os projetos de irrigação de poços artesianos no Oeste da Bahia nós fizemos lá na minha época quando eu era secretário de Planejamento os estudos de poços profundos para poder irrigar, para poder melhorar, para poder gerar mais oxigênio, para você poder ter um plantio decente ali. Vou dar outro exemplo: nós fizemos os estudos da uva. Eu fui buscar muda de uva lá na região de champagne, na França. Trouxe essas mudas de uvas para cá, hoje nós somos campeões nos vinhos no Brasil, a Bahia ganhou o primeiro lugar. E agora foi premiado com os vinhos da uva na Chapada Diamantina. Então isso tudo é trabalho, é desenvolvimento econômico, é dinheiro que entra. O Estado arrecada em uma garrafa de vinho algo em torno de 37% a 40%. Em cada garrafa você está pagando ao Estado. E agora nós estamos implantando 34 vinícolas no município da Barra. Já tem um produtor lá, o Antônio Jiló, que já plantou 100 hectares e vai plantar 500 hectares de uva. Isso tudo ajuda a natureza. Você está plantando isso na Caatinga. Isso tudo vai gerar oxigênio e vai dar receita, vai dar emprego. Cada hectare de uva gera quatro empregos.

Tribuna – Quantos prefeitos o PP tem na Bahia e quais os planos do partido para as eleições?

João Leão – O partido tem hoje 67 prefeitos. Eles viraram um canhão para cima da gente, com a minha saída do governo, o governo virou um canhão. Eu vou dar um exemplo: no município de Jaguaquara deram R$ 120 milhões para a prefeita passar para o PT. Isso é um absurdo, você dar R$ 120 milhões para um município de deixa os outros praticamente sem nada. Os próprios municípios do PT, Lauro de Freitas está precisado fazer um recapeamento, e o Estado não deu nada. Lá para Jaguaquara o Estado deu R$ 120 milhões para tirar a prefeita do PP. Isso é uma insanidade. Em Lauro, é preciso criar uma operação tapa-buraco e o Estado poderia participar disso. Acorda, Jerônimo, coloca a sua prefeita para trabalhar para melhorar, apesar de agora não vai enganar mais o povo, já passou da época de fazer isso.

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