O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, já determinou a mobilização imediata de todo o efetivo para ser utilizado na liberação de rodovias, de acordo com informações do Globo.
“O comandante determinou que as áreas fiquem em condições de ser empregadas”, relatou um militar ligado ao comando, segundo a publicação.
O general realizou uma videoconferência na noite desta quinta-feira (22) com todos os sete comandantes militares de área do Exército — comandos militares da Amazônia, Norte, Nordeste, Oeste, Leste, Sudeste e Sul — para discutir o assunto.
Em pronunciamento na tarde desta sexta-feira (23), o presidente Michel Temer anunciou o uso das forças federais de segurança contra os bloqueios feitos pelos caminhoneiros.
Quem é o general Villas Bôas
Eduardo Dias da Costa Villas Bôas é o general de exército do Exército Brasileiro. É o Comandante do Exército Brasileiro desde 5 de fevereiro de 2015. Tem 66 anos e é natural de Cruz Alta, Rio Grande do Sul.
À frente de 222 mil homens, o General Villas Bôas foi acometido com uma disfunção degenerativa no neurônio motor, e não consegue mais caminhar. No entanto, com as rotinas de fisioterapia e exercícios, a doença não tem atrapalhado suas funções como Comandante do Exército Brasileiro.
Villas Bôas é conhecido no meio militar pelo General do Exército que revolucionou o relacionamento do exército com a sociedade. Ao longo de sua gestão, foram inúmeras as declarações feitas para a sociedade de forma oficial, e criou quadros como o “Fala Comandante”, para dialogar com a sociedade civil e o “Palavra do Comandante” para dialogar com a sociedade militar.
No dia 3 de abril de 2018, um dia antes do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o general, sem citar o julgamento ou o ex-presidente, afirmou:
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”
Essas palavras causaram rebuliço nos setores da sociedade, muitos em apoio e muitos contra. Apesar de todo o alvoroço, generais da ativa e da reserva apoiaram publicamente as falas do general.
Na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Villas Bôas redobrou a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) ao afirmar em seu Twitter que o Exército brasileiro “compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Seja como for, a manifestação do comandante da ativa sobre um assunto que diz respeito à Justiça, algo incomum em democracias, acrescenta um novo e inédito — ao menos nos últimos 30 anos pós-redemocratização — ingrediente ao furacão político vivido pelo país desde 2013.