Não é só Sergio Moro (União Brasil) que passou a acenar para Jair Bolsonaro (PL) desde que se tornou candidato ao Senado no Paraná. O presidente deixou de ter o ex-juiz na lista de seus principais inimigos, segundo interlocutores do governo e da campanha disseram para a colunista Bela Megale, do O Globo.
Um gesto de trégua por parte de Bolsonaro em relação ao seu ex-ministro já foi feito. Ele poderia ter dificultado o caminho para a eleição do ex-juiz ao Senado, mas decidiu seguir por uma rota diferente. Hoje o principal concorrente de Moro para a única vaga na Casa Legislativa pelo Paraná é Álvaro Dias (Podemos).
Bolsonaro teve a oportunidade de influenciar o governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), para que ele apoiasse Álvaro Dias, interferindo diretamente na corrida pela cadeira que Moro busca. O presidente preferiu não intervir na disputa contra o ex-ministro e defendeu que Ratinho mantivesse o apoio a Paulo Martins (PL), com quem Bolsonaro já tinha se comprometido. Martins aparece nas pesquisas de intenções de voto com menos chances de se eleger do que Moro e Álvaro Dias. Ratinho Jr é o nome de Bolsonaro na disputa pelo governo do Paraná.
Os acenos recentes de Moro a Bolsonaro já foram tema de conversas de membros do governo com o próprio presidente. Uma das peças mostradas ao chefe do Executivo foi um vídeo publicado por Moro nas suas redes em que o ex-juiz afirma que “tem o mesmo adversário” que Bolsonaro e que “jamais estaria ao lado do PT e do Lula”. Dentro da campanha presidencial e do governo há a avaliação de que, para ganhar no Paraná, Moro vai poupar Bolsonaro e mirar ataques em Lula, como já vem fazendo.
A pesquisa Datafolha, publicada na última semana, mostra que, na Região Sul, Bolsonaro subiu de 34% para 39% nas intenções de voto, enquanto Lula oscilou de 41% para 43%.