O deputado federal Félix Mendonça Júnior, presidente do PDT na Bahia, compartilhou suas perspectivas sobre as eleições municipais de Salvador e a situação política nacional em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia.
Confira abaixo:
Tribuna – A campanha começou, qual a expectativa do senhor e do PDT quanto a Salvador para eleição de prefeito?
Félix Mendonça Jr – A expectativa de Salvador eu acho que é uma eleição mais tranquila, porque você tem um candidato, o Bruno Reis, que tá muito bem avaliado, com boas perspectivas. Bruno e Ana Paula, tá?
Tribuna – O senhor acha que Geraldo Jr vai ter essa dificuldade de justificar a candidatura dele para além de, digamos assim, um interesse pessoal de poder – considerando que ele ajudou a construir a gestão atual?
Félix Mendonça Jr – Eu acho que a oposição mesmo, que for oposição, não é só contra Bruno, é também contra o Kleber Rosa.
Tribuna – E quanto a vereadores em Salvador, qual a expectativa do partido? Quantos candidatos tem e quantos pretende eleger?
Félix Mendonça Jr – A gente vai fazer 4 vereadores. Vai ser bom porque a gente também, dentre os vereadores eleitos, vai indicar um ou dois deles para participar do governo de Bruno. E sobe um ou dois suplentes imediatos.
Tribuna – E o PDT tem preferência por algum espaço específico, alguma secretaria?
Félix Mendonça Jr – Não, isso a gente não começou a comentar ainda não.
Tribuna – E na Bahia, como um todo, quantos candidatos tem? Tanto a prefeito, quanto a vereador e qual a meta do partido?
Félix Mendonça Jr – Devemos manter o que temos hoje. Aumenta e mantém o que tem hoje, é 10 prefeitos, que não é um aumento muito grande, né? E, na real, uns 20 e poucos candidatos.
Tribuna – Falando um pouco sobre o cenário nacional, o senhor acha que o banco central precisaria ouvir o setor produtivo e outros setores da economia ao definir a taxa de juros?
Félix Mendonça Jr – Só aqui no Brasil que o ministro da economia tem que vir do banco, né? Não vem do setor produtivo. Vem sempre do setor de bancos. E o que é que tem a economia a ver com o banco? O banco é apenas um fomentador. A economia é a indústria, o comércio, a agricultura, a pecuária. É o que faz a economia mesmo, né? O turismo, a cultura… O Brasil vive pra servir aos bancos. Até a taxa do COPOM é baseada no boletim feito pelo FOCUS. O que é o FOCUS? São 129 instituições financeiras. Ele dá um relatório lá e o presidente do Banco Central, na audiência pública, que a gente fez. Chegou a dizer que os bancos não gostam de juros altos. Tá bom, o vampiro não gosta de sangue também.
Tribuna – Voltando ao cenário nacional, essa decisão do STF que suspendeu o pagamento de emendas. Isso e se isso representa uma certa interferência do Judiciário no Legislativo?
Félix Mendonça Jr – Mas, é claro, claro, Flávio Dino, saiu outro dia da parte política, né? Ele sabe muito bem que fez a interferência monocrática indevida, não é? É claro que ficou carimbado como uma orientação do governo. Do governo federal que eu falo. Então isso aí é a interferência, não está certo, errado. Isso aí é uma interferência muito grande. Daqui a pouco muda tudo, baseado só na interpretação do Judiciário que não pode acontecer. O Judiciário é para interpretar e as leis e não para modificá-las.
Tribuna – Inclusive, eu ia até perguntar uma coisa que o senhor já falou, se essa decisão primeiro de Flávio Dino, que foi confirmada, se fortalece o governo na negociação com o Congresso. Aumenta a prerrogativa do governo?
Félix Mendonça Jr – Eu acho que não, eu acho que cria uma rusga grande entre o governo e o Congresso. São poderes independentes, entendeu? O governo é um poder, o Judiciário é outro poder e o Legislativo é outro poder. São 3 poderes independentes. Ele não tem nenhum melhor do que o outro, né? Cada um tem sua função. Começa a ter interferência de um lado para o outro, ou seja, de repente muda a forma de aposentadoria do Judiciário, que agora passou 75 anos. É, pode mudar o mandato, que é vitalício, pode votar uns 10 anos de mandato de ministro do Supremo, essas coisas todas. Isso tudo para acontecer passa pelo Judiciário, pelo Legislativo, entendeu? Isso aí vai acontecer agora mesmo. Eu vi que o Senado cortou lá uma medida provisória que que botava um bilhão e meio um pouco mais de verba extra pro judiciário. Então vai ficar essa queda de braço entre poderes. Aí depois vem de quem? Quando procurar saber quem começou, é claramente hoje saber que quem está começando é o Judiciário.
Tribuna – E como o Congresso pretende reagir em relação a essa decisão do STF? Sobre as emendas?
Félix Mendonça Jr – Legislando… legislando para não deixar que outro poder usurpe o que o povo elegeu. O povo elegeu senadores e deputados. A população elegeu senadores e deputados para legislar. A população não elegeu nenhum ministro do Supremo, entendeu? Eles estão ali para cumprir a sua função. E deve ser feito assim, então, o Congresso deve legislar para corrigir esses excessos dos outros poderes também.
Tribuna – Como é que o senhor viu essa denúncia contra o ministro Alexandre de Moraes? O senhor acha que ele agiu realmente fora do rito do TSE? Há alguma semelhança também com o Moro?
Félix Mendonça Jr – Muito novo isso aí, né? Muita informação. A gente tem que ver se essas informações são verdadeiras. Se ele agiu fora ou dentro, isso aí a gente tem que apurar. Se ele agiu fora da lei, tem que se aplicar a lei pra ele também. Eu não posso emitir agora ainda de imediato opinião porque eu tenho dúvidas ainda do que aconteceu. A gente tem que esperar um pouco mais essa situação desdobrar e a gente saber o que aconteceu realmente. Não cabe aos deputados pedirem impeachment de Alexandre Moraes. Cabe aos senadores, que é quem tem esse poder de dar o impeachment a um ministro. Então, a gente tem que ver os fatos e depois dos fatos provados, não podemos ser no oba-oba e é uma coisa muito séria, é um ministro do Supremo Tribunal, é um cargo muito alto. Um dos principais de um dos poderes e a gente tem que respeitar ele. Agora, se ele cometer errado, ele é uma pessoa normal também, o fato de ser ministro do Supremo não iguala ninguém a Deus, assim como o fato de ser Presidente da República não iguala a Deus. Muito longe disso.
Tribuna – Uma outra questão também que o presidente Lula tem causado polêmica recentemente foi o posicionamento do governo sobre a Venezuela. O senhor acha que o governo deveria ter tido uma posição mais firme?
Félix Mendonça Jr – O mundo inteiro viu que a eleição da Venezuela é uma eleição fajuta, né? Uma eleição de mentira. Então, o governo brasileiro apoiar o governo da Venezuela está apoiando uma ditadura. Agora, se vale apoiar a ditadura de esquerda, daqui a pouco vai apoiar a ditadura de direita. Não, nós temos que ter muito cuidado se nós estamos aqui numa democracia e a Venezuela seria democracia, o que aconteceu lá não foi democracia, é uma ditadura travestida de democracia. Então, o governo brasileiro é um governo pacífico e democrático, não pode apoiar um usurpador do poder como o presidente Nicolás Maduro.
Tribuna – Voltando à Bahia, como é que vai ser a posição do PDT em Itabuna, né? Essa semana o senhor até falou do nome do deputado Pancadinha, que é candidato lá pelo Solidariedade?
Félix Mendonça Jr – Eu falei o nome dele. Disseram que eu sou racista e elitista, né? Discriminatório. Não fui eu que escolhi o nome dele. O nome para concorrer quem decidiu foi ele. O nome dele é até um nome bonito, Fabrício, né? O cara escolhe uma Pancadinha, e quem é que acha normal? Então, se o cara botar o Menino Maluquinho pra concorrer aqui a governador, eu vou votar no Menino Maluquinho que tá concorrendo ao governador? Tenha paciência, não tem nada a ver com racismo, tem nada a ver com condição social, com cor de pele, tem nada a ver com o nome que ele escolheu. “Pancada” significa tonto, significa desequilibrado, significa o quê? É só olhar no dicionário, que é desqualificado, né? Sei lá. É o nome que ele mesmo escolheu. Se ele ficar aborrecido, fica aborrecido com ele próprio, não comigo. Eu só fiz ver a contestação natural, tá?