Com a iminente prisão de Lula após o Supremo Tribunal Federal negar o habeas corpus ao ex-presidente, as possibilidades do petista seguir na disputa eleitoral tornam-se cada vez mais remotas. Primeiro colocado nas pesquisas, ele terá grandes dificuldades de convencer a Justiça Eleitoral de que pode concorrer. Se for preso e o STF não julgar o tema das prisões em segunda instância, ele também não poderá fazer campanha e cruzar o Brasil, como tem feito em suas caravanas.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável por analisar a legalidade das candidaturas, só poderá barrar a possível chapa de Lula com base na lei da Ficha Limpa – que proíbe réus condenados por colegiados de participar do pleito -, depois do dia 15 de agosto, quando se encerra o período para o registro de candidatos. O prazo de análise pelo TSE poderá se arrastar até 17 de setembro.
Até o momento, o PT e o próprio Lula não sinalizaram uma outra candidatura que não seja a do ex-presidente. O partido afirma que insistirá na reversão do processo até que todas as etapas judiciais sejam vencidas. A defesa de Lula ainda pode recorrer da decisão do Supremo Tribunal de Justiça e no próprio STF, que negou o habeas corpus. Outra possibilidade é pressionar o Supremo para julgar as ações diretas de constitucionalidade sobre as prisões em segunda instância.
Fora da campanha, Lula tem o apoio de 37% do eleitorado, segundo a última pesquisa realizada pelo DataFolha. De acordo com cientista político pela Fundação Getúlio Vargas Cláudio Couto, o caminho mais lógico para ocupar este vazio hoje é o PT e o próprio Lula apoiarem Ciro Gomes (PDT). “Ciro sempre foi aliado de fato do partido, e está muito mais próximos das posições políticas e econômicas do PT que qualquer outra candidatura”, afirma Couto.