O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques determinou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fosse citado por edital “para que apresente resposta à queixa-crime” movida contra ele por Daniela Mercury. A informação é da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Segundo a publicação, Nunes Marques tomou a decisão depois de 11 meses em que o oficial de Justiça designado para entregar a notificação saiu em busca do parlamentar —sem jamais encontrá-lo. O ministro foi indicado ao STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo.
De acordo com Mônica Bergamo, o oficial Fernando de Sousa Vale relata que foi quatro vezes ao gabinete de Eduardo Bolsonaro, telefonou para o local outras seis vezes e fez “diversos contatos via aplicativo WhatsApp do parlamentar, porém sem êxito nenhum”. Ele tentou também contato por email.
A defesa da cantora, liderada pelos advogados José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua, passou então a apresentar petições para que Kassio Nunes notificasse Bolsonaro por edital.
Daniela Mercury decidiu mover uma ação por crime contra a honra depois que Eduardo Bolsonaro divulgou um vídeo editado de um show dela de 2018, distorcendo falas como se a cantora dissesse que Jesus era gay. Na verdade, ela se referia a Renato Russo, da banda Legião Urbana, que morreu em 1996.
A artista baiana protestava contra a censura da peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, em que a história de Jesus foi recriada com interpretação da artista transexual Renata Carvalho. Ao entoar versos de uma canção da Legião Urbana, ela falou: “Meu amigo Renato Russo… era gay, gay, muito gay. Muito bicha. Muito viado, sim”.
O vídeo compartilhado por Eduardo Bolsonaro com as falas distorcidas teve mais de 1 milhão de visualizações no TikTok. Ele depois apagou a publicação.