O número de jovens que não trabalham, não estudam e nem procuram emprego aumentou 35% em um ano, segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (28) pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O levantamento, baseado em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelou que a população de 14 e 24 anos que se enquadra nessa estatística passou de 4 milhões no primeiro trimestre de 2023 para 5,4 milhões no mesmo período de 2024, representando 17% do total de jovens no Brasil.
Impacto social
Gisele Matos Teixeira, de 19 anos, é um exemplo vivo desses dados. Após concluir o Ensino Médio em 2023, ela deixou de estudar e trabalhar para cuidar de sua mãe e irmão, ambos diagnosticados com esquizofrenia.
“Parei um ano de estudar para me dedicar à minha família, o que é a realidade de muitos”, afirmou Gisele.
Apesar dos desafios, ela não desistiu de seu sonho de cursar direito. “A esperança que eu tenho é ajudar outras pessoas. Não vou desistir desse sonho, não é porque tenho uma dificuldade na minha vida que vou parar por causa disso”, disse a jovem.
Desafios e esperança
A pesquisa também destacou que os grupos mais afetados são os pobres, negros e mulheres. Paula Montagner, subsecretária de estatísticas e estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, disse que há uma necessidade de fornecer ferramentas adequadas para esses jovens ingressarem no mercado de trabalho.
“A maioria dos jovens concluiu o Ensino Médio. O que precisamos é dar ferramentas para o mundo do trabalho, que vêm do ensino técnico e podem eventualmente se transformar em um caminho para o ensino superior”, explicou Montagner.
Desigualdade de gênero
As mulheres enfrentam dificuldades adicionais, segundo o levantamento: muitas assumem tarefas domésticas e cuidados familiares, que não são remunerados, liberando outros membros da família para buscar emprego.
Este cenário contribui para perpetuar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho.
Caminhos para o futuro
Para reverter a alta de jovens “nem-nem”, é crucial investir em educação técnica e superior, promover políticas inclusivas de emprego e apoiar iniciativas que valorizem o trabalho não remunerado, apontam os estudos do CIEE.
Além disso, é fundamental oferecer orientação e suporte para que jovens possam equilibrar responsabilidades familiares com oportunidades de estudo e trabalho.