A convocação do presidente Jair Bolsonaro a seus seguidores para comparecer à manifestação no dia 15 de março desagradou a lideranças partidárias no Congresso Nacional e governadores da oposição. A oposição vê uma tentativa do governo de criar uma “cortina de fumaça” para o desempenho ainda baixo do crescimento econômico do País.
“Acho que o presidente ao invés de insuflar manifestações deveria estar construindo condições para concentrar os esforços na solução do que realmente interessa”, avalia o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB).
Em Boa Vista, Roraima, o presidente convocou os brasileiros a participar da manifestação e afirmou que o movimento é “espontâneo”. Os atos são tidos como contrários ao Congresso e ao Judiciário, embora isso tenha sido negado pelo presidente, mais cedo. “O político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político”, disse Bolsonaro.
O assunto repercutiu nas redes sociais de políticos neste último sábado (7). “Todos sabem que o ato do dia 15 visa constranger o Congresso e o Supremo. A convocação de Bolsonaro para esse evento é fato gravíssimo”, declarou no Twitter o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
O senador Major Olímpio (PSL-SP), líder do PSL no Senado, criticou a declaração de Bolsonaro em Roraima. “Esse discurso foi como apagar o fogo com gasolina. O presidente se assumiu como o protagonista principal das manifestações”, disse o parlamentar.
Já a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), disse que reunirá outros líderes da Casa para discutir uma resposta conjunta a Bolsonaro. “A gente precisa dar um basta. O Congresso Nacional precisa dar uma resposta institucional”, disse Feghali. “Foi, claramente, uma atitude golpista contra as instituições brasileiras. O Congresso Nacional precisa elevar o tom e reagir à altura.”
“Bolsonaro não desistiu de acuar o Congresso e o STF. O golpismo faz parte da sua natureza fascista. Todos os democratas têm que reagir contra essa atitude!”, declarou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
Ao jornal Estado de SP, O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse que “as disputas políticas que se aproximam não podem estar acima dos interesses nacionais”.