Impulsionada por dólar alto e demanda elevada durante a pandemia, a inflação dos notebooks em junho atingiu o maior patamar em quase sete anos.
Levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV), a pedido do Valor, mostra que a alta de preços de computadores e periféricos — segmento representado basicamente por laptops e notebooks — foi de 1,73% no mês passado, a mais forte desde setembro de 2013 (1,79%). Em 12 meses até junho, a elevação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), já atinge 4,2%, maior nível desde outubro de 2016 (4,69%).
A tendência é que os preços se mantenham em alta, ainda que num ritmo menos intenso, segundo André Braz, economista da FGV e responsável pelo levantamento.
Esse tipo de produto está se tornando mais caro por influência de duas forças: o alto patamar do dólar, que encarece a compra de componentes importados; e o aumento da procura, já que a maior parte das empresas teve de implementar às pressas um sistema de “home office”, para seus funcionários trabalharem em casa durante a quarentena.
Fabricantes como Lenovo e Samsung registram salto de dois dígitos nas vendas mensais de notebooks, um mercado que movimenta entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões ao ano. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) não descarta crescimento em torno de 6% a 7% nas vendas de notebook este ano — na contramão do setor de eletroeletrônicos como um todo, que deve encerrar 2020 com queda anual de vendas.