O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou em entrevista ao programa GloboNews Política que o governo encontrará o responsável pelo óleo que atingiu mais de 200 pontos no litoral nordestino.
Segundo o vice-presidente, a Interpol ajuda a investigar o caso. A entrevista vai ao ar nesta sexta-feira (25), às 21h30.
“Nós temos um trabalho de paciência, de cruzamento de dados. Mas nós vamos chegar lá, nós vamos chegar ao responsável”, declarou o vice-presidente.
Na última segunda-feira, Mourão comandou a reunião que definiu o envio de 5 mil militares do Exército ao Nordeste para as operações de remoção do óleo que atinge as praias da região.
À GloboNews, o vice-presidente disse que há dificuldade em rastrear a origem do óleo porque, segundo ele, a Venezuela entrega petróleo para Cuba e para alguns países da América Central.
“Então, nem ela [Venezuela] sabe ou poderia dizer se o petróleo efetivamente saiu de lá”, declarou.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, análises de laboratório indicam que o óleo encontrado nas praias é semelhante ao óleo extraído na Venezuela.
A entrevista ao G1
Leia abaixo a entrevista:
O governo demorou na reação em relação ao óleo no Nordeste?
Hamilton Mourão: O que eu posso te dizer? Esse é um acidente atípico, porque o normal de acidentes dessa natureza é que haja um alerta, que haja, digamos assim, a localização do ponto inicial. Então, por exemplo, uma plataforma que vaza petróleo, um navio que vaza petróleo, ele indica que houve aquele vazamento, e as autoridades se preparam para a contenção. Nesse caso, não. Nesse caso não houve nenhum tipo de alerta. E, de uma hora para outra, essas placas de óleo pesado, que se deslocam por baixo d’água, começaram a chegar nas nossas praias.
Então, eram incidentes isolados. Primeiro, chegou no Rio Grande do Norte. Depois, chegou na Paraíba, Pernambuco. Daqui a pouco avançou para o nosso litoral Norte. Então, quando começou a ter um número maior de incidentes, se acendeu efetivamente a luz vermelha, e a partir daí foi acionado o Plano Nacional de Contingência.
Esse plano de contingência, há críticas de que ele tenha demorado a ser acionado. Houve demora no acionamento desse plano?
Mourão: Não. É exatamente como eu te respondi na pergunta anterior. Ele foi acionado a partir do momento em que nós verificamos que era um incidente que transcendia um mero estado e muito pelo contrário, ele começou a abranger várias praias do litoral nordestino. Então, a partir desse momento, de acordo com o plano, o Ministério do Meio Ambiente é a autoridade nacional, e por ser incidente de mar, a coordenação passa para a Marinha do Brasil.
A questão é: como vai punir, se não se sabe quem é o culpado? O que o governo brasileiro pode fazer em relação a isso? Por exemplo, já se descobriu que o óleo tem origem na Venezuela. O governo da Venezuela pode ajudar a localizar quem teria criado essa catástrofe para o Brasil, esse desastre ambiental?
Mourão: Sempre é possível um contato com o governo venezuelano. Mas você sabe que se vive uma situação complicada em relação ao governo da Venezuela. Vamos lembrar o seguinte, a Venezuela entrega petróleo dela para Cuba e para alguns países da América Central. Então, nem ela sabe ou poderia dizer se o petróleo efetivamente saiu de lá. Então, a Marinha, que está responsável pela área, está fazendo um cruzamento de dados com informações de satélites, com apoio de outros países que têm tecnologia mais avançada, o uso da Interpol, as autoridades marítimas internacionais e verificando todos os navios que passaram pela área do saliente nordestino durante o período que nós julgamos onde pode ter havido o derramamento. E, em consequência, nós temos um trabalho de paciência, de cruzamento de dados. Mas nós vamos chegar lá, nós vamos chegar ao responsável.