Excluída do testamento do autointitulado filósofo Olavo de Carvalho, sua filha Heloísa de Carvalho afirmou que tem direito à partilha dos bens que o ensaísta tem no Brasil e passaria o dinheiro para o cantor Caetano Veloso, que moveu processo contra ele ainda em vida. O documento com a distribuição dos recursos foi obtido na última semana pelo colunista Ancelmo Gois, do O Globo.
— Aqui no Brasil, eu tenho direito à herança, e ele tem bens aqui. Eles (irmãos) não podem me excluir da partilha aqui, já que Olavo não moveu ação de indignidade contra mim. É 50% para a viúva e os outros 50% divididos entre os outros herdeiros — explica Heloísa em entrevista ao portal UOL neste domingo.
De acordo com a filha do guru bolsonarista, com quem rompeu em 2017 diante de divergências políticas, a herança será entregue a Caetano Veloso, que no mesmo ano moveu ação contra Olavo por publicações em que o acusa de pedofilia.
A ação prevê pagamento de R$ 3 milhões em multa, e o pedido de penhora de bens para quitar o valor seria indicativo para Heloísa de que o pai também teria bens no Brasil. Segundo ela, todo o dinheiro será repassado o cantor “na hora que tiver o testamento em mãos”.
Olavo de Carvalho morreu em janeiro de 2022 nos Estados Unidos, onde montou um testamento que contempla sua esposa, Roxane Andrade, e sete de seus oito filhos com direito a casas no país e parcela da renda recebida pela venda dos livros do autor. Heloísa foi a única a ficar de fora da partilha. Ao Uol, ela informou que não tem contato com nenhum dos irmãos e que precisou andar com segurança armado após o pai ter movido dois processos contra ela.
— Olavo moveu dois processos criminais contra mim e ainda tentou me interditar judicialmente. Por um tempo, andei com segurança armado e colete à prova de balas, de tantos ataques que eu estava sofrendo de bolsonaristas — conta.
Na Justiça, Heloísa ainda questionou a posição de Roxane como inventariante do espólio de Olavo, conforme noticiou o colunista Ancelmo Gois, do O Globo. De acordo com ela, há “obscuridade” sobre sua posição, já que não houve a listagem de bens do escritor no Brasil.