Há ministros no STF, e não se está falando daqueles que foram nomeados por Jair Bolsonaro, que veem com maus olhos a eventual prisão do ex-presidente da República. Não porque tenham alguma simpatia por ele, pelo contrário, mas por entenderem que a prisão feriria mais uma vez a institucionalidade da Presidência. As informações são de Mario Sabrino, do portal Metropóles.
Como lembrado aqui, seria o terceiro ex-presidente a ser preso, depois de Lula e Michel Temer, para não falar de Fernando Collor, recentemente condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que só espera o seu derradeiro recurso ser apreciado pelo STF, para entrar em cana dura.
Já está mais do que evidente que as decisões do STF, envolvendo Jair Bolsonaro e o seu entorno, têm poderoso efeito catalisador sobre os partidários do ex-presidente, inclusive aqueles que não necessariamente rasgam dinheiro.
Guardadas as devidas diferenças, é o que ocorre nos Estados Unidos, onde Donald Trump e os seus seguidores estão conseguindo transformar, aos olhos do eleitorado republicano, cada processo e indiciamento seus em perseguição política. O mugshot de Donald Trump, por exemplo, já virou peça de campanha. Inaugurou a volta dele ao ex-Twitter, com a legenda “Interferência na eleição, Nunca render-se!”, obteve 188 milhões de visualizações em menos de 24 horas — e contando.
Há quem defenda que a melhor forma de evitar ou pelo menos atenuar a vitimização de Jair Bolsonaro, mantendo a espada da Justiça sobre a sua cabeça, seria enviar os seus processos para a primeira instância, aproveitando o fato de ele não ter mais foro especial. Mas, aí, é preciso combinar com o ministro Alexandre de Moraes.
As Forças Armadas rifaram de vez Jair Bolsonaro e os militares que se envolveram nas lambanças do ex-presidente. O discurso à tropa do comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, no Dia do Soldado, não poderia ser mais claro. “Vocês são os fiéis depositários da confiança dos brasileiros, que só foi obtida pela dedicação extrema ao cumprimento da missão constitucional e pelo absoluto respeito a princípios éticos e valores morais. Esse comportamento coletivo não se coaduna com eventuais desvios de conduta, que são repudiados e corrigidos, a exemplo do que sempre fez Caxias, o forjador do caráter militar brasileiro”, disse ele.
A ordem, agora, no Exército, na Marinha e na Aeronáutica é fazer um esforço de reaproximaçã0 com a sociedade civil, para reparar os danos à imagem e recuperar a confiança de que gozavam junto aos cidadãos moderados. Ganha o Brasil.