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domingo 25 de fevereiro de 2024 às 07:44h

‘Não há maioria no Congresso para reduzir emendas’, diz novo líder do PT

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Novo líder do PT na Câmara dos Deputados, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) avalia em entrevista a Sérgio Roxo, do O Globo, que avanço do Legislativo sobre o Orçamento é irreversível e diz que bancada ainda não tem posição sobre ‘saidinha’ de presos. O parlamentar assume o cargo em meio a tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de amenizar atritos com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o valor reservado para emendas no Orçamento é inadequado. O senhor concorda?

Tivemos uma aceleração do processo de empoderamento do Poder Legislativo. O presidente (Jair) Bolsonaro terceirizou o governo. Temos que encontrar um jeito de, com o Parlamento empoderado, canalizar esses recursos do Orçamento a projetos estratégicos para o programa do presidente Lula. Não há como existir um retrocesso do ponto de vista do Legislativo, que aprova o Orçamento. Há uma pactuação política em torno do que é prioritário, e isso deveria ser dito pelo Poder Executivo.

Reduzir o valor das emendas é impossível?

Não há correlação de forças na Casa para uma redução de valor neste momento.

Alguns deputados têm expectativa de que a sua liderança seja de maior independência em relação ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Existe essa intenção?

Não é independência. Cada bancada tem que defender os seus interesses. Quem me antecedeu (o deputado Zeca Dirceu) fez isso, e vamos aprofundar.

Lira não conversa com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Como isso afeta o diálogo do governo com a Câmara?

Nós temos o (José) Guimarães, líder do governo na Casa, que tem diálogo diário com o Lira.

Já houve momentos de tensão e desconfiança entre o governo e Lira. Como o senhor classifica essa relação?

É boa, franca e sincera. O discurso na abertura dos trabalhos legislativos… Estranho seria se fosse ao contrário: “O Orçamento é de responsabilidade do Poder Executivo e tudo que eles mandarem de lá nós vamos carimbar”. Estranho seria se ele (Lira) dissesse que a palavra dada não precisa ser cumprida.

Mas ele mandou recados ao governo. Pode ser considerado aliado?

O presidente Lira disse tudo o que sempre fala. Não vi nenhum recado específico. Ele é aliado do governo. Não atrapalha em nada os interesses e a aprovação dos projetos centrais.

O presidente Lula já chegou a dizer que ele não é um aliado.

Eu entendi, quando o presidente Lula disse, que era do ponto de vista político-eleitoral. Estou me referindo à governabilidade.

O PT deve apresentar um nome para disputar a presidência da Câmara no ano que vem?

A federação tem 80 deputados, 69 do PT. Não podemos abrir mão de participar do processo. Construir uma candidatura do PT ou não é uma decisão que nós vamos tomar durante esse período. A bancada vai ter uma reunião para discutir especificamente a sucessão da Casa. Podemos inclusive chegar à conclusão de que não vamos decidir agora. A discussão está açodada.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que Lula deveria se retratar pela declaração em que comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. A fala do presidente pode tumultuar o ambiente?

De forma nenhuma. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, mesmo disse: eu não usaria essa expressão (que Lula usou). É uma questão menor, não interfere na governabilidade.

O senhor também não usaria essa expressão?

Cada um se expressa a partir da realidade que está vivendo. O presidente estava na África, ouvindo relatos de muitos árabes. Foi um grito de socorro que ele quis dar ao mundo.

O PT liberou os senadores na votação do projeto que acaba com a “saidinha” de presos em datas comemorativas. Qual a posição da bancada na Câmara?

O problema no sistema carcerário brasileiro precisa ser enfrentado com políticas públicas sólidas. Só aumentar as penas não resolve a criminalidade. É preciso ter instrumentos de ressocialização, e a “saidinha” pode funcionar assim ou não. Temos que chamar especialistas no assunto para debater com a bancada e tirarmos uma posição, que ainda não está fechada. O projeto não resolve os problemas, mas não significa também que vamos votar contra.

Há uma crítica da direção do PT, vocalizada pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, à meta do déficit fiscal zero. Como a bancada vê a política que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) está implantando?

A política é exitosa. Tem feito o Brasil crescer e gerou previsibilidade. Agora, a bancada do PT não carimba o que o Executivo propõe. Ela tensiona. Vamos sempre debater.

A bancada então apoia as medidas econômicas?

As medidas do governo têm apoio majoritário na bancada. As críticas não são destrutivas e são bem-vindas sempre. O PT não é pedra no sapato do ministro Haddad nem será do governo.

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