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quinta-feira 18 de julho de 2024 às 07:32h

Na encruzilhada, PSDB enfrenta incertezas nas capitais e vê Datena como chance de reerguer o partido

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O PSDB chega às eleições deste ano cercado por incertezas em diversas capitais do país e com a difícil missão de recuperar espaço num cenário de polarização em que o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro atrai grande parte dos votos daqueles que rejeitam o PT do presidente Lula. O partido, que na eleição de 2000 conseguiu eleger quase 1.000 prefeitos, saiu do último pleito municipal com 523 prefeituras, mas viu esse número desabar para 308 desde então, conforme levantamento publicado pelo GLOBO com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No ninho tucano, há a avaliação de que “pior do que está não fica” e que o apresentador José Luiz Datena, pré-candidato em São Paulo, é uma forte aposta para retomar a relevância do passado.

O encolhimento do PSDB também no Congresso Nacional impactou os cofres da legenda, que neste ano terá direito a R$ 147,9 milhões do Fundo Eleitoral, menos de um quinto do que receberá o PL (R$ 886,8 milhões). A falta de recursos se soma a uma fuga de lideranças — que, em São Paulo, vai desde a debandada de deputados na janela partidária até a saída de nomes como o vice-governador Felício Ramuth e o cacique Aluízio Nunes. O cenário põe o partido em uma encruzilhada, obrigado a escolher a dedo suas candidaturas — arranjos que dependem também do Cidadania, com quem a sigla compõe uma federação partidária. De acordo com o presidente tucano, Marconi Perillo, a ideia é ter candidatos em dez capitais, como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba.

No Rio, o Cidadania declarou apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD), mas os tucanos optaram por endossar o nome do deputado federal Marcelo Queiroz (PP), com a vereadora Teresa Bergher (PSDB) como vice. O impasse será decidido na próxima segunda-feira pela direção nacional da federação, também presidida por Perillo, que tratou pessoalmente do apoio a Queiroz com o cacique do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

— Não queremos estar nem com o Bolsonaro em São Paulo nem com o Lula no Rio de Janeiro. Respeitamos as decisões do Cidadania, estamos juntos em 95% das cidades brasileiras. A disputa no Rio é uma questão que será decidida no colegiado — diz Perillo.

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Pesquisas de intenções de voto realizadas nas últimas semanas indicam que o PSDB tem nomes competitivos nas capitais de São Paulo e Minas Gerais, mas as duas candidaturas correm o risco de não sair do papel. Em Belo Horizonte, o ex-deputado estadual João Leite tem 11% das menções e aparece tecnicamente empatado com outros cinco nomes em um segundo pelotão da disputa, de acordo com levantamento da Quaest, mas já deu indicações de que pode pular fora da corrida eleitoral — tem se mostrado hesitante e sequer nomeou um coordenador à pré-campanha.

Datena como tábua de salvação

Já em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena é tido como uma esperança da legenda para iniciar um projeto de ressurgimento, ainda que não seja eleito. A aposta é que a candidatura, se efetivada, possa impulsionar os tucanos em outras cidades paulistas e também na eleição para a Câmara Municipal — tido como um passo importante para eleger mais congressistas na eleição seguinte, de 2026. “Eleição não é só sobre ganhar, mas também sobre marcar posição, construir uma imagem”, ouviu o jornal O Globo de um aliado do apresentador.

Datena desembarcou no ninho tucano em abril com o apoio da deputada Tabata Amaral (PSB), que pretendia com isso atrair o PSDB para sua chapa tendo o apresentador como vice. Agora, o partido da parlamentar ameaça retirar o apoio ao PSDB nas disputas em Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Vitória (ES) caso Datena não cumpra o acordo inicial.

— O PSDB não aceita barganha. A gente faz alianças de acordo com o programa, com a identidade. A gente tem uma boa relação com ela (Tabata), mas se temos um bom candidato, que é competitivo, não tem por que a gente apoiar outro nome — afirma Perillo.

O cálculo entre os tucanos é de que, mesmo que a ameaça do PSB se efetive, o saldo de ter uma candidatura forte na maior cidade do país será positivo para o PSDB. O receio que permanece é o de que o apresentador venha a desistir de ser candidato, assim como já fez em eleições anteriores. Entre aliados, o discurso uníssono é o de que Datena está “animado” para ir adiante.

— A candidatura do Datena é importante para que o PSDB retome um protagonismo nacional que hoje está abalado. Claro que os recursos do Fundo Eleitoral não são suficientes, mas é preciso fazer uma divisão inteligente. É de interesse do partido que se tenha um resultado positivo aqui — diz Mario Covas Neto, recém-alçado à presidência da federação Cidadania-PSDB na capital.

Tio do ex-prefeito Bruno Covas (que morreu em 2021), Mario Covas Neto comandará hoje a primeira reunião da nova direção municipal da federação com o Cidadania. O grupo vê poucas chances de atrair alguma outra legenda para a chapa de Datena, embora a ideia de ter Tabata (nome bem avaliado pelos caciques tucanos) como vice não esteja completamente descartada. O próprio tio do ex-prefeito é também uma possibilidade.

— O Datena terá voz forte nessa decisão, sua força nas pesquisas lhe dá essa condição. Eu quero ajudar, não prejudicar. Estarei junto como for — diz Covas Neto.

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