Muitos prisioneiros de guerra capturados pelas forças russas e ucranianas no conflito na Ucrânia são submetidos a tortura e maus-tratos, incluindo choques elétricos, alertou a ONU nesta terça-feira (15).
“A proibição de tortura e maus-tratos é absoluta, mesmo, sobretudo, em períodos de conflito armado”, disse a chefe da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner, durante uma videoconferência em Kiev.
A responsável lembrou que ambos os países são signatários da Terceira Convenção de Genebra, que estabelece o tratamento dos prisioneiros de guerra.
Nos últimos meses, a missão entrevistou 159 prisioneiros de guerra (139 homens e 20 mulheres) detidos pela Rússia e seus grupos armados afiliados e 175 prisioneiros de guerra (todos homens) detidos pela Ucrânia.
Embora a ONU tenha acesso a instalações de internação de prisioneiros de guerra controladas pelo governo ucraniano, ainda não recebeu acesso confidencial aos prisioneiros de guerra internados pela Rússia e seus grupos armados afiliados.
A missão conseguiu entrevistar prisioneiros de guerra ucranianos que foram libertados.
Bogner explicou que os detidos pelas forças russas são torturados de forma quase “sistemática” e que os soldados comuns são tratados com menos severidade do que os franco-atiradores ou artilheiros.
“A grande maioria” dos entrevistados que foram capturados pelas forças russas disse que foram torturados ou maltratados, disse Bogner.
O objetivo não era apenas obter informações, mas também “intimidá-los e humilhá-los” diariamente. Ao chegar aos locais de detenção, vários prisioneiros de guerra disseram à ONU que foram espancados, atacados por cães e despidos. Há também relatos de violência sexual.
“Os prisioneiros de guerra relataram ter sido espancados com porretes e martelos de madeira, chutados e receberam choques elétricos”, realizados com pistolas, disse Bogner.
A ONU também recebeu “denúncias críveis” de execuções sumárias de prisioneiros de guerra russos capturados por forças ucranianas e vários casos de tortura e maus-tratos.
“Documentamos casos de tortura e maus-tratos, especialmente quando pessoas foram capturadas (pela Ucrânia) ou quando foram submetidas a um primeiro interrogatório ou transferidas para campos de trânsito ou para locais de detenção”, disse Bogner.
Vários foram esfaqueados ou receberam choques elétricos por oficiais de segurança ou militares ucranianos.