O Ministério Público Federal junto ao TCU afirmou que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tem aplicado multas muito baixas a empreiteiras da Lava Jato e outras empresas investigadas por cartel, considerando a vantagem financeira obtida pelas companhias em esquemas criminosos.
Segundo a coluna de Guilherme Amado, a conclusão consta de uma representação sigilosa do MPF, que pediu que o tribunal analise a legalidade dos valores das multas e determine eventuais correções.
Entre as empresas multadas pelo Cade recentemente, e citadas como exemplo no documento, estão Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.
O pedido, assinado pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira em abril, está sob a alçada do ministro Augusto Sherman.
“Não só por sua relevância financeira, social e moral, que dizem com os princípios da eficiência e da moralidade, mas também em razão do respeito à legalidade, a questão controvertida deve merecer o olhar atento também do TCU”, escreveu o procurador, que também defendeu que o TCU peça manifestações do Cade, MPF, AGU e ministérios da Justiça e Economia.
Procurado, o Cade afirmou que possui “a prerrogativa de estabelecer penalidades adequadas e proporcionais para a efetivação da política de combate a condutas lesivas à concorrência”, e que não foi notificado da representação.
O conselho disse ainda que aplicou R$ 1,7 bilhão em multas nos últimos cinco anos. A definição de multas é baseada em jurisprudência e um documento Guia de Dosimetria de Multas de Cartel, seguiu o órgão.