A cada 45 minutos, uma pessoa comete suicídio no Brasil – o equivalente a 32 casos por dia. O que é possível fazer para mudar este cenário? Essa foi a questão norteadora da Roda de Conversa Sobre Suicídio, evento promovido na última sexta-feira (27), pelo Ministério Público Estadual. Reunindo psicólogos, membros e servidores do MP, estudantes e outros interessados, a reunião buscou debater as ações que podem ajudar na prevenção do suicídio. A promotora de Justiça Lívia Vaz, do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher e da População LGBT (Gedem), iniciou as conversas refletindo sobre o tema.
“A realidade é que perdemos muitas pessoas (para o suicídio). Nossa intenção deve ser não só ajudar o outro como um cidadão comum, como um amigo, mas saber como atuar na nossa vida profissional”. A promotora ainda falou sobre a relação do suicídio com contextos violentos. “Nós lidamos com pessoas que passaram por muitas violências, não só físicas como psicológicas… e tudo isso piora o estado emocional de alguém”, afirmou.
O voluntário plantonista do Centro de Valorização da Vida (CVV), Valdemar Andrade, comentou sobre a necessidade de dar atenção aos sentimentos dos outros. “Somos acostumados a falar que sempre estamos bem. E também não escutamos os problemas dos outros”, afirmou. “Mas falar é sempre a melhor solução para enfrentar nossos problemas”. O centro atua concedendo apoio emocional a pessoas, especialmente através da conversa, e assim prevenir casos de suicídio. Valdemar ainda explicou que, apesar de campanhas como Setembro Amarelo serem recentes, o suicídio é um problema muito mais antigo. “O CVV, por exemplo, tem 57 anos de atuação no Brasil, com sede na Bahia há 21. Isso mostra que pelo menos desde esta época o suicídio já era um tema crítico na nossa sociedade”. Para conversar com um voluntário da CVV, basta discar o número 188. A ligação é gratuita.
Mitos e inverdade sobre o suicídio também foram tópico da roda de conversa. A psicóloga Shirley Vasconcelos ressaltou que matar-se não se trata de um ato de covardia ou de coragem, mas sim de desespero. “Quem tenta o suicídio quer acabar com um sofrimento que parece interminável”, apontou. Além disso, explicou ela, não é só a depressão que pode levar ao ato, mas também situações como abandono familiar, doenças graves e a violência sofrida por grupos excluídos socialmente. De acordo com a psicóloga, a forma de evitá-lo seria “fazer essa dor ‘sair’ da pessoa de outra maneira, através da palavra. Falar é a melhor solução, mas apenas se falamos com as pessoas certas, que podem nos acolher. Ter seu sofrimento desautorizado é inclusive algo que pode piorar a situação”, alerta.