A invasão das montadoras chinesas no Brasil deve crescer cada vez mais. E uma das companhias que vem sendo destaque por aqui conforme reportagem de Mauro Balhessa, da revista IstoÉ e Motor Show, é a GWM. Ela estreou no ano passado no país com o lançamento do híbrido Haval H6 e depois com o elétrico Ora 03. O plano para 2024 era lançar a planta em Iracemápolis (SP) no dia 1º de maio, mas isso mudou.
“Fizemos uma viagem à China no ano passado, vimos o que tínhamos na prateleira. Temos bastante coisa dentro do planejamento, mas ocorrerá em um tempo diferente. Teve essa mudança de imposto (de importação), temos a questão do IPI Verde chegando. A fábrica está prevista para o segundo semestre. E o produto estamos terminando de fazer o molde, baseado de acordo com o ajuste que veio, de cotas, imposto (de importação) e IPI (Verde)”, explica Andre Leite, diretor das linhas Haval e Ora, durante o evento GWM Exprience Drive Days, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP).
A companhia aguarda a regulamentação do programa de Mobilidade Verde, o Mover, para definir os lançamentos e prioridades. Basicamente, ele vai reduzir imposto de quem polui menos e aumentar exigências de sustentabilidade. Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a medida seria publicada depois do Carnaval, ou seja, nos próximos dias.
Imposto de importação
Um dos pontos citados pela GWM, como visto acima, é a volta do imposto de importação.
“Quem dita preço é o mercado e o consumidor. A questão do custo é interna e está dentro do planejamento do ano. A ideia da GWM é de vir para o Brasil para ficar. E isso faz parte da construção de marca. Ė uma linha que tem um tíquete médio mais alto e consegue absorver as variações. E isso faz parte do Brasil, nem é criticando, mas ele tem essa volatilidade. Já tínhamos isso dentro do planejamento para 2024.”
A retomada do tributo está em vigor e envolve automóveis elétricos e híbridos no Brasil. O aumento das alíquotas será realizado de forma gradual, até chegar a 35% em julho de 2026.
Veja abaixo.
Híbridos
- A alíquota do imposto começa com 15% em janeiro de 2024; 25% em julho de 2024; 30% em julho de 2025; e alcança os 35% apenas em julho de 2026.
Híbridos plug-in
- Serão 12% em janeiro de 2024; 20% em julho de 2024; 28% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026.
Elétricos
- A escala é de 10% (janeiro de 2024), 18% (julho de 2024), 25% (julho de 2025) e 35% (julho de 2026).
Vendas
A projeção da GWM é mais que dobrar os volumes neste ano. Se isso se concretizar, será algo em torno de 24 mil unidades. Em 2023, foram emplacadas 11.479 unidades – 10.703 do Haval H6 e 776 do Ora 03 – que teve apenas um mês de comercialização.
“Teremos mais meses de vendas. Conseguimos tracionar o Haval, que começou com uma venda no patamar de 1.000, 1.200 e conseguimos chegar no final do ano para mais de 2.000.”
Lançamentos
A ideia de dez lançamentos até 2025 segue viva. Mesmo sem confirmação, os primeiros modelos que devem sair da fábrica deverão ficar entre o H4 e o H6.
Guerra de preços
Após a vinda da BYD e GWM para o mercado de automóveis eletrificados no Brasil, as demais montadoras iniciaram uma verdadeira guerra, com cortes de preços. Para se ter uma ideia, o Renault Kwid E-Tech, que desembarcou na faixa dos R$ 150 mil, sai hoje por R$ 100 mil.
“Tem uma parte muito brigada, entre R$ 150 mil e R$ 230 mil. Aqui está uma massa, além dos elétricos, que não vai deixar de existir, mas temos que ser competitivos.”
A projeção da GWM é preencher melhor essa faixa de preços com novos produtos.
Baixa depreciação dos usados
Diferente dos concorrentes, a GWM não quer ter um produto muito barato ou praticar um desconto excessivo nos preços. O projeto para o Brasil é trabalhar a marca e valorizar o seus produtos.
Uma mostra disso é um material que divulgaram recentemente. O Haval H6 HEV, por exemplo, foi o único da sua categoria a apresentar valorização (+ 3,4%) em dezembro de 2023 sobre o valor do zero quilômetro em abril do mesmo ano, mês de lançamento da linha.
No modelo PHEV, o Haval H6 apresentou a menor desvalorização de seu segmento (-5,3%), ante quase 21% de desvalorização de um dos seus concorrentes.
Já o modelo topo de linha GT também apresentou a menor queda em seu valor (-1,2%), enquanto os demais da categoria atingiram até 10% de desvalorização. Os números fazem parte de um estudo da KBB (Kelley Blue Book).