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Ilustração artística da espaçonave BepiColombo com Mercúrio ao fundo / ESA/ATG medialab/Nasa/JPL
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sábado 2 de outubro de 2021 às 16:47h

Missão conjunta euro-japonesa faz primeiro sobrevoo e fotografa Mercúrio

CURIOSIDADES, NOTÍCIAS


O menor planeta do nosso sistema solar foi fotografado na última sexta-feira (1º) por uma sonda espacial europeia-japonesa que faz a viagem mais próxima ao astro em sua missão de sete anos.

A missão BepiColombo fez seu primeiro sobrevoo em Mercúrio por volta das 20h34 (horário de Brasília) de sexta-feira, passando a cerca de 200 quilômetros da superfície do planeta.

“BepiColombo está agora o mais perto de Mercúrio que conseguirá neste primeiro de seis sobrevoos”, disse a Agência Espacial Europeia (ESA) no Twitter.

Durante o sobrevoo, BepiColombo está coletando dados científicos e imagens e os enviando de volta à Terra.

A missão, administrada em conjunto pela ESA e pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), foi lançada em outubro de 2018. Ao todo, fará seis sobrevoos totais em Mercúrio antes de entrar em órbita ao redor do planeta em dezembro de 2025.

A missão irá, na verdade, colocar duas sondas em órbita ao redor de Mercúrio: a Mercury Planetary Orbiter liderada pela ESA e a Mercury Magnetospheric Orbiter (Mio), da JAXA.

Os orbitadores permanecerão empilhados em sua configuração atual com o Módulo de Transferência para Mercúrio até 2025.

Assim que a espaçonave Bepicolombo se aproximar de Mercúrio para começar a orbitar, a parte do Módulo de Transferência da espaçonave se separará e os dois orbitadores começarão a girar em torno do planeta.

Ambas as sondas passarão um ano coletando dados para ajudar os cientistas a entender melhor o pequeno e misterioso planeta, conhecer mais sobre os processos que se desenvolvem em sua superfície e seu campo magnético.

Esta informação pode revelar a origem e evolução do planeta mais próximo do sol.

Durante o sobrevoo de sexta-feira, a câmera principal da espaçonave estava protegida e foi incapaz de captar imagens em alta resolução. Mas duas das três câmeras de monitoramento da espaçonave vão fotografar os hemisférios norte e sul do planeta após a aproximação baixar de 1.000 quilômetros.

A BepiColombo voará pelo lado noturno do planeta, então as imagens durante a aproximação mais próxima não serão capazes de mostrar muitos detalhes.

A equipe da missão antecipa que as imagens mostrarão grandes crateras de impacto que estão espalhadas pela superfície de Mercúrio, parecidas com as da nossa lua. Os pesquisadores podem usar as imagens para mapear a superfície de Mercúrio e aprender mais sobre a composição do planeta.

Alguns dos instrumentos em ambos os orbitadores serão ligados durante o sobrevoo para que possam sentir o campo magnético de Mercúrio, plasma e partículas.

O sobrevoo ocorre em momento oportuno: no 101º aniversário de Giuseppe “Bepi” Colombo, o cientista e engenheiro italiano que dá nome à missão.

O trabalho de Colombo ajudou a explicar a rotação de Mercúrio enquanto orbita ao redor do Sol e permitiu que a espaçonave Mariner 10 da Nasa realizasse três sobrevoos de Mercúrio em vez de apenas um, usando a ajuda da gravidade de Vênus.

Ele determinou que o ponto onde a espaçonave voa pelos planetas poderia realmente ajudar a tornar possíveis passagens futuras.

A Mariner 10 foi a primeira espaçonave enviada para estudar Mercúrio e completou com sucesso seus três sobrevoos em 1974 e 1975. Depois, a Nasa enviou sua espaçonave Messenger para realizar três sobrevoos de Mercúrio em 2008 e 2009, e orbitou o planeta de 2011 a 2015.

Agora, a BepiColombo assumirá a tarefa de fornecer aos cientistas as melhores informações para desvendar os mistérios do planeta, com a segunda missão de orbitar Mercúrio – a mais complexa até hoje.

“Estamos realmente ansiosos para ver os primeiros resultados das medições feitas tão perto da superfície de Mercúrio”, disse Johannes Benkhoff, cientista do projeto BepiColombo na ESA, em um comunicado.

“Quando comecei a trabalhar como cientista do projeto BepiColombo, em janeiro de 2008, a missão Messenger da Nasa fez seu primeiro sobrevoo em Mercúrio. Agora é a nossa vez. É uma sensação fantástica!”

Por que Mercúrio?

Pouco se sabe sobre a história, superfície ou atmosfera de Mercúrio, que é notoriamente difícil de estudar por sua proximidade com o sol.

É o menos explorado dos quatro planetas rochosos do sistema solar interno, incluindo Vênus, Terra e Marte. O brilho do sol atrás de Mercúrio também torna o pequeno planeta difícil de ser observado da Terra.

O BepiColombo terá que disparar gás xenônio constantemente de dois dos quatro motores especialmente projetados para frear permanentemente contra a enorme força gravitacional do sol.

Sua distância da Terra também torna difícil o alcance – mais energia é necessária para permitir que a BepiColombo “caia” em direção ao planeta do que o necessário para enviar missões a Plutão.

Um escudo térmico e isolamento de titânio também foram aplicados à espaçonave para protegê-la do calor intenso de até 350 graus Celsius.

Os instrumentos nos dois orbitadores investigarão o gelo nas crateras polares do planeta, por que ele tem um campo magnético e a natureza das “cavidades” na superfície do planeta.

Mercúrio está cheio de mistérios para um planeta tão pequeno, apenas um pouco maior que a nossa lua. O que os cientistas sabem é que, durante o dia, as temperaturas podem atingir máximas de 430 graus Celsius, mas a fina atmosfera do planeta significa que as temperaturas podem cair para 180 graus Celsius negativos à noite.

Embora Mercúrio seja o planeta mais próximo do Sol, a cerca de 58 milhões de quilômetros de nossa estrela em média, o planeta mais quente do nosso sistema solar é, na verdade, Vênus porque tem uma atmosfera densa.

Mas Mercúrio é definitivamente o mais rápido dos planetas, completando uma órbita ao redor do Sol a cada 88 dias – razão pela qual foi batizado em homenagem ao mensageiro rápido e com pés alados dos deuses romanos.

Se pudéssemos ficar na superfície de Mercúrio, o sol pareceria três vezes maior do que na Terra e sua luz nos cegaria porque é sete vezes mais brilhante do que no nosso planeta.

A rotação incomum de Mercúrio e a órbita oval em torno do Sol significam que nossa estrela parece subir, se pôr e nascer rapidamente em algumas partes do planeta, e um fenômeno semelhante ocorre ao pôr do sol.

Anusha Rathi e Rob Picheta contribuíra para esta reportagem

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