Preços de cobre, minério de ferro e ouro tendem a subir, puxados por consumo chinês e incertezas globais
Terceira maior produtora de cobre do país e caminhando para o crescimento na produção de minério de ferro, a Bahia deve se beneficiar com o aumento desses metais no mercado internacional em 2021. A expectativa de empresários do setor é de que com a superação da crise do coronavirus, a China aumente sua demanda por estas commodities, principalmente cobre e minério de ferro e pressione para cima as cotações destes metais.
“O minério de ferro é a matéria-prima do aço e o cobre é utilizado em circuitos elétricos, fios, cabos, etc. Então, quando a construção civil se aquece, aumentam as demandas por eles”, explica o diretor técnico da CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), Rafael Avena.
O cobre baiano é produzido no Vale do Curaçá, região perto de Juazeiro, pela Mineração Caraíba. A empresa pretende aumentar em 10% a produção do minério a partir deste ano. Para isto, investiu R$ 58 milhões na reabertura da mina de Surubim, que estava fechada desde 2015. A ampliação deve gerar 250 novos postos de trabalho.
Outro metal que tende a subir de preço neste ano, segundo Avena, é o ouro. “A questão neste caso é a segurança. Quando há incertezas na economia global, como estamos vivendo agora com a pandemia e os atritos comerciais entre Estados Unidos e China, as pessoas correm para um ativo mais seguro, que geralmente é o ouro”, diz o diretor.
O ouro respondeu por aproximadamente 30% da produção mineral baiana comercializada em 2020, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). As maiores produtoras deste metal precioso na Bahia são a Yamana Gold, em Jacobina, e a Equinox, detentora de minas em Teofilândia e Santaluz.
Minério de ferro baiano depende da Fiol
Atualmente, a Bahia possui 42 projetos relacionados à produção de minério de ferro, que virão a ser beneficiados pela implantação da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). O maior deles é o da Bamin, que deve transportar 60 milhões de toneladas por ano de Caetité até o Porto-Sul, em Ilhéus. Segundo o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm, mais projetos devem surgir conforme as pesquisas na região avancem. A ferrovia deve transportar ainda minérios vindos do norte de Minas Gerais e a produção do agronegócio no oeste baiano.
“A demanda por minério de ferro está tão alta que estamos vendo a Bamin enviar uma produção em pequena escala para o Espírito Santo e a Brazil Iron escoar por caminhão até o porto de Enseada, perto de Salvador. Mas são rotas caras e pouco eficientes. Precisamos de uma solução definitiva, que virá com a Fiol”, diz Tramm.
As obras para a conclusão do trecho 1 da Fiol, que vai de Caetité a Ilhéus, devem começar após licitação do Governo Federal para escolha da empreiteira que vai tocar o projeto. O leilão deve ocorrer no primeiro trimestre deste ano, segundo o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.