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segunda-feira 8 de junho de 2020 às 10:45h

Militares do Ministério da Saúde pressionam por “maquiagem de dados”, diz jornal

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Militares que ocupam postos importantes no Ministério da Saúde vêm pressionando técnicos da pasta a maquiar dados relativos a casos do novo coronavírus e mortos pela doença no país. A pressão também atinge a Agência Brasileira de Inteligência. As informações são do jornal Valor Econômico.

Essa maquiagem começou na sexta-feira, quando os dados, divulgados cada vez mais tarde, também tiveram mudanças na apresentação das cifras diárias de casos e óbitos.

O horário da divulgação, às 21h30, após o fim do Jornal Nacional, foi uma ordem do presidente Jair Bolsonaro, segundo apurou o jornal.

A maquiagem de informações deve ter mais retoques nesta semana, caso seja realmente adotado um novo critério para exibição do número diário de mortes, sugerido por auxiliares do ministro interino Eduardo Pazuello – o que deve resultar num número menor de vítimas.

De acordo com o jornal, o novo método tem como referência a sugestão feita pelo empresário Luciano Hang, investigado pela Polícia Federal no inquérito das Fake News e aliado de primeira hora do presidente Bolsonaro, em um vídeo encaminhado a técnicas do ministério pela cúpula da pasta em um grupo de WhatsApp.

Hoje, os números contêm as mortes registradas no mesmo dia e os óbitos confirmados naquela data, mas que aconteceram anteriormente e estavam sob investigação. Funcionários disseram ao jornal que o coronel Elcio Franco Filho, secretário-executivo da pasta, tem insistido para que passem a ser divulgadas apenas as mortes ocorridas e confirmadas no mesmo dia.

Como essa nova ordem ajuda a maquiar dados? Em 4 de junho, o Ministério da Saúde divulgou o número recorde de mortes diárias, 1.473. Esse dado se refere à soma das mortes ocorridas naquela quinta-feira e aos óbitos por covid-19 confirmados naquele mesmo dia, mas que estavam sob investigação.

O mesmo boletim trazia que o número de mortes com data de ocorrência nos últimos três dias era de 366 – o restante era de casos que estavam em investigação. É esse número que se pretende adotar a partir de agora.

Na última sexta, passou a ser anunciado somente os casos e óbitos confirmados do dia, tendo com isso um número mais baixo para ser apresentado.

Com o anúncio da nova forma de divulgação de estatísticas da doença, entidades médicas, acadêmicos e o ministro Gilmar Mendes, do STF, criticaram a falta de transparência.

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