Nove meses após o massacre perpetrado pelo grupo Hamas e o início da guerra na Faixa de Gaza, cresce a pressão sobre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Neste domingo (7), transcorrem por todo o país protestos exigindo um acordo que permita o regresso dos reféns, a dissolução do parlamento federal Knesset e a convocação de eleições antecipadas.
“Durante todo o dia haverá ações especiais de protesto e espera-se um forte congestionamento do tráfego nas principais artérias rodoviárias de Israel”, declarou o movimento de protesto.
Algumas das principais companhias israelenses, sobretudo dos setores tecnológico e financeiro, já haviam liberado seus funcionários para participar dos atos.
O estopim dos protestos foram as notícias de que, após longo impasse, devem continuar na segunda semana de julho as negociações de paz mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos.
Está em questão um plano escalonado, começando com um cessar-fogo por tempo limitado e a troca de reféns israelenses – do sexo feminino, idosos e enfermos – por um grande número de presos palestinos. Durante a trégua, Israel e o Hamas negociariam o fim da guerra e a libertação dos reféns restantes.
Ameaça de greve geral
Sob o slogan “Stop Israel”, o movimento pró-democrático se propôs levar mais de 1 milhão às ruas. Após manifestações menores desde a noite de sábado, a partida para os protestos coordenados foi dada às 6h29 locais, mesmo horário em que se iniciou o ataque pelo Hamas e de outras milícias terroristas, em 7 de outubro de 2023.
Naquela data, cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 253, capturadas e mantidas reféns. Desses, 116 ainda estão detidos em Gaza, e estima-se que grande parte já tenha morrido.
Grupos de ativistas iniciaram uma manifestação em frente às casas de 18 deputados do Knesset, bem como de ministros das pastas de Defesa, Relações Exteriores e Transporte, entre outros.
Com brados como “Acordem, o país vale mais do que isso”, “Nove meses de fracasso absoluto” ou “Há sangue nas mãos de vocês”, eles atribuem aos membros do governo a responsabilidade pelas vítimas do conflito, acrescidas pelos mais de 400 soldados israelenses mortos nos choques em Gaza.
Do lado oposto, segundo dados do Departamento de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 37 mil palestinos já teriam sucumbido nos choques continuados com Israel desde o 7 de Outubro. Cerca de 80% da população palestina se deslocou e está refugiada na faixa costeira.
Nos arredores da capital, Tel Aviv, outro grupo de manifestantes se concentrou diante da residência de Arnon Bar David, presidente da federação dos sindicatos do setor público de Israel, Histadrut, exigindo que marque uma greve geral para pressionar a convocação de eleições antecipadas.
“Basta de conversa, é tempo de agir”, lê-se em cartazes em frente à casa do líder sindical, que em maio afirmou que o governo de coalizão de Netanyahu perdera a confiança do povo, mas acrescentando ser preciso esperar pelo momento certo para qualquer “ação drástica”, referindo-se a uma greve.
“Devolver os reféns e devolver o mandato”
O dia de protestos culminará à noite com uma grande manifestação em frente à residência de Netanyahu, no bairro de Rehavia, em Jerusalém, e à base militar de Kirya, em Tel Aviv, principal quartel-general do Exército e do Ministério da Defesa. Lá se manifestarão as famílias e entes queridos dos reféns.
“Nossa exigência é a mais simples de todas: devolver os reféns e devolver o mandato. A partir daí, será o que o povo decidir”, anunciou um dos líderes do movimento de protesto, Moshe Radman, na rede social X.
“Para que um governo de kahanistas [movimento supremacista judeu considerado terrorista em Israel, do qual membros do Executivo são simpatizantes] não anule o acordo de devolução dos reféns. Para que não derrubem o país”, apelou Shikma Bressler, outra figura destacada do movimento de protesto pró-democracia criado em 2023 contra a reforma do sistema judiciário.
Os manifestantes também se reúnem em cruzamentos para bloquear o trânsito e organizar carreatas cortando as principais autoestradas, especialmente as que ligam Tel Aviv às demais cidades da costa mediterrânea, como Herzeliya, Netanya, Cesareia e Haifa, assim como a Jerusalém.
Na quinta-feira, milhares já haviam se manifestado em Jerusalém e em outras cidades israelenses contra o governo de Netanyahu, acusando o primeiro-ministro de sabotar o acordo de libertação de reféns e de mergulhar Israel no abismo.