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domingo 2 de abril de 2023 às 18:54h

Mike Marcum: o homem que desapareceu após criar uma máquina do tempo

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A primeira vez que alguém ouviu o nome Mike Marcum foi em meados de 1996, quando o radialista Art Bell, apresentador do Coast to Coast Radio AM, dos Estados Unidos, introduziu o jovem na transmissão diária para falar sobre seus experimentos ousados com viagem no tempo.

Segundo Julio Cezar de Araujo, do Mega Curisoso, um ano antes de aparecer diante de Bell, o estudante de engenharia elétrica de 22 anos disse que começou a construir uma máquina do tempo na varanda de sua casa, em Stanberry, Missouri, como uma aposta entre seus amigos e para conseguir os números vencedores da loteria – como se o dispositivo fosse uma espécie de tabuleiro Ouija.

Apelidando o dispositivo de “A Escada de Jacó”, em referência à passagem bíblica, durante os experimentos, Marcum reduziu a resistência do ar entre dois polos usando laser de CD modificado, fazendo com que um arco de eletricidade se deslocasse de forma cíclica entre duas hastes metálicas.

A Escada de Jacó

Esboço digitalizado do caderno de Mike Marcum. (Fonte: The Sun/Reprodução)

Esboço digitalizado do caderno de Mike Marcum. (Fonte: The Sun/Reprodução)

Foi então que o jovem notou que, ao ligar o dispositivo, uma marca de calor circular em forma de vórtice foi impressa no piso de madeira da varanda. Marcum lançou um parafuso através dele para ver o que aconteceria e, segundo ele, o objeto desapareceu por meio segundo antes de reaparecer a alguns metros de distância.

A felicidade do jovem, no entanto, durou pouco, visto que o laser do CD pegou fogo. Com isso, Marcum decidiu que construiria o dispositivo do zero, só que em uma versão aprimorada que pudesse suportar testes mais intensos. Mas para isso, era necessário transformadores maiores para gerar energia, e foi assim que Marcum roubou transformadores que pesavam 136 quilos de um local de geração de energia em King City.

Mike Marcum. (Fonte: Merinding/Reprodução)

Mike Marcum. (Fonte: Merinding/Reprodução)

Seus experimentos com transformadores gigantescos em uma residência comum do Missouri resultaram em blecautes por toda a vizinhança devido à sobrecarga de energia. E a inaptidão de Marcum em cobrir os próprios rastros – e ser discreto durante os experimentos com sua máquina do tempo – permitiu que a polícia o rastreasse e o prendesse por roubo.

Após alguns meses encarcerado, ele foi liberado da prisão, em 1996, e convidado para ir ao programa de Bell para falar sobre tudo. No ar, ele deu seu número de telefone e recebeu centenas de ligações de ouvintes oferecendo novas ideias para seus experimentos e até ajuda financeira para continuar com seu projeto sem ter que roubar nada.

Essa ajuda toda possibilitou que Marcum criasse uma máquina do tempo bem maior para testar em si. Em 1997, ele compareceu mais uma vez ao programa de Bell, afirmando que seu novo dispositivo era semelhante ao usado pelos militares dos EUA no Experimento Filadélfia, que aconteceu em 1943 na Segunda Guerra Mundial.

Marcum disse que conseguiria fazer isso usando um campo magnético rotativo, que roda a uma velocidade uniforme, gerado a partir de uma corrente elétrica alternada, descoberto por Nikola Tesla em 1882. Marcum alegou que a máquina estava pronta e deveria experimentá-la em apenas algumas semanas, e quando indagado por Bell sobre o que ele poderia levar consigo, ele respondeu: “apenas meu celular”.

Wikimedia Commons

(Fonte: Wikimedia Commons)

Essa última aparição do jovem o rendeu mais de US$ 20 mil em doações, e cerca de US$ 1 milhão apenas em equipamentos de um armazém em Kansas City, para que ele continuasse sua empreitada em viajar no tempo.

Meses depois, um ouvinte ligou para o show de Bell para contar a história de um homem encontrado morto em uma praia da Califórnia na década de 1930, seu corpo mutilado em uma espécie de tubo de metal e com um dispositivo estranho em uma de suas mãos. Pela descrição, poderia ser um telefone celular.

Nunca mais ninguém ouviu falar no nome Mike Marcum, que pode ter ido para o passado, ou apenas apagado seus rastros e deixado de existir com a quantidade de dinheiro que ganhou.

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