Enquanto o marido tenta se desvencilhar da responsabilidade sobre os atos terroristas desencadeados por apoiadores em Brasília, Michelle Bolsonaro entrou na campanha do ex-ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PL-RN), para a Presidência do Senado, conforme Plinio Teodoro, da revista Fórum.
“Rogério Marinho presidente do senado 2023”, publicou a ex-primeira-dama nesta segunda-feira (16), que está foragida com Jair Bolsonaro (PL) na mansão do lutador de MMA José Aldo Júnior na Flórida (EUA), encampando a campanha que tomou conta dos grupos golpistas nos aplicativos de trocas de mensagens.
A ação dos apoiadores de Bolsonaro para tentar alçar Marinho na Presidência do Senado no lugar de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem um motivo claro para provocar uma reação contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e, principalmente, contra as decisões do ministro Alexandre de Moraes, que tem se mostrado implacável com os golpistas e com o ex-presidente, que teme ser preso.
Embora tenha saído derrotado nas eleições presidenciais, no primeiro turno Jair Bolsonaro fez maioria dos parlamentares que vão ocupar o Senado a partir de fevereiro.
O PL terá 14 senadores, a maior bancada partidária da casa legislativa, seguido do PSD, partido de Pacheco e Gilberto Kassab, com 11 parlamentares. O PT, de Lula, terá 9 senadores.
É a primeira vez em 25 anos que o MDB – que também soma 9 senadores, juntamente com o União Brasil – não terá a maior bancada da casa.
Estimativa projeta que a antiga base aliada de Bolsonaro terá ao menos 37 dos 81 senadores, enquanto os aliados fiéis de Lula ocupam 28 cadeiras. Aqueles considerados “neutros”, que tendem a votar de acordo com o interesse do lobby que representam, são 16.
Golpe contra o STF
Diante desse quadro, o clã Bolsonaro tem pressa em colocar Marinho na Presidência do Senado para ter força para tentar colocar em pauta uma revanche contra ministros considerados inimigos no STF.
Caso seja eleito para a Presidência do Senado, Marinho deve colocar em pauta dos pedidos de impeachment apresentados pelo campo contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.
Pedidos de impeachment
A sanha de atingir Moraes mobiliza a ala bolsonarista. O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), por exemplo, chegou a solicitar em novembro que a Mesa do Senado colocasse em pauta os pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, apresentados por diversos senadores.
Citou especificamente o pedido de autoria do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que contou com seu apoio e de outros parlamentares ao ser protocolado, em março de 2021. Seu argumento é que a peça estaria “muito bem fundamentada”, tendo sido reforçada com novos argumentos e mais denúncias, em requerimento apresentado no início de novembro.
Com apoio do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto e de alguns senadores bolsonaristas, Marinho tem como principal bandeira o confronto direto com o STF e defende maior protagonismo do Senado para combater o que considera abusos e excessos de outros poderes.
“Hoje, temos parlamentares amordaçados, que perderam o direito de se comunicar com seus eleitores, inclusive por meio da internet. O presidente do Congresso Nacional não pode continuar omisso perante as agressões ao Parlamento e à democracia brasileira”, defendeu Marinha à época
“Entendemos que é necessária uma candidatura que defenda um Parlamento forte e independente, e um Senado em condições de restabelecer a normalidade democrática e a liberdade de opinião”, emendou.