A navegação no Canal de Suez, no Egito, pode levar meses para ser normalizada, depois que um mega navio de contêineres co mais de 400 metros de comprimento encalhou na terça-feira (23). A cada dia em que a navegação segue suspensa, há impacto de mais de US$ 9 bilhões em mercadorias que deixam de passar pela hidrovia, de acordo com estimativa do Lloyd’s List, publicação especializada em comércio marítimo. Cada navio pagava R$ 4 milhões para cruzar o canal, sendo ótimo custo-beneficio por economizar tempo e combustível, pois deveriam cruzar o continente Africano que levaria mais de uma semana.
Cerca de 12% do comércio global passa pelo canal, que conecta o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, sendo a ligação marítima mais curta entre a Ásia e a Europa. Em 2020, aproximadamente 19.000 navios passaram pelo canal, mais de 50 por dia.
O almirante Osama Rabie, presidente e diretor administrativo da SCA (Autoridade do Canal de Suez), anunciou nesta 5ª feira (25.mar.2021), que a navegação pelo Canal de Suez está temporariamente suspensa. De acordo com ele, a paralisação continuará em vigor até que os trabalhos de para desencalhar o navio sejam finalizados.
O Ever Given, navio da Evergreen Marine, é uma das maiores embarcações oceânicas do mundo, com 400 metros de comprimento e peso de 200 mil toneladas.
De acordo com a Leth Agncies, a agência que opera o canal, há 156 embarcações esperando a remoção do Ever Given. Desses, 8 navios aguardam em Port Said Anchorage, 38 embarcações em Great Bitter Lake e 70 navios esperando no Porto Suez Anchorage.
“Apesar dos esforços contínuos e incansáveis da autoridade e da equipe do Canal de Suez, o Ever Given permanece encalhado”, afirmou a Leth Agencies.
Efeitos indiretos na indústria marítima podem incluir um agravamento da escassez de contêineres, já causada pelo coronavírus, a interrupção do comércio de petróleo e um aumento do número de atrasos nos portos, segundo o Lloyd’s List. Além disso, 9 em cada 10 navios que foram impactados não possuem seguros e coberturas para atrasos.
“O impacto dos atrasos para terceiros variará amplamente de navio para navio, afetando diferentes proprietários e fretadores de maneiras diferentes”, diz a publicação.
De acordo com a agência norte-americana Bloomberg, o impacto do bloqueio no Canal de Suez será sentido globalmente. A restrição de circulação está impedindo embarques de petróleo bruto e gás natural liquefeito, mas outra indústria que será muito impactada é a de exportação de café.
Segundo a agência, todos os grãos que a Europa importa da África Oriental e da Ásia fluem pelo Suez. Apenas 2 grandes produtores de café, Brasil e Costa do Marfim, não usam a rota para chegar aos consumidores da Europa.
O bloqueio do canal agrava as cadeias de abastecimento que já estavam impactadas pela pandemia de covid-19. Não há previsão para a retirada do navio e para a volta à normalidade.
Nesta 5ª feira (25.mar), a empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, dona do Ever Given, pediu desculpas pelo transtorno e afirmou que a remoção da embarcação está sendo “extremamente difícil”.