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sexta-feira 20 de março de 2020 às 07:46h

Medo do coronavírus espalha pânico e ameaça colapsar a rede de saúde do Brasil, diz jornal

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Pessoas que deveriam estar em casa e assim colaborar para deter a Covid-19 estão superlotando sem necessidade hospitais e fazendo testes que faltam para quem, de fato, precisa. Os primeiros resultados da testagem iniciada esta semana na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelam um cenário explosivo, afirma o professor titular da UFRJ Amílcar Tanuri, um dos virologistas mais experientes do país e que coordena os testes.

Das 140 pessoas testadas na UFRJ até agora apenas 4 estão positivas. É um percentual muito baixo e que mostra que a população não entendeu que é preciso ficar em casa.

— Esse comportamento insano e egoísta pode nos transformar numa nova Itália e colapsar o nosso sistema de saúde antes mesmo de a epidemia se agravar. Esse vírus do pânico vai matar gente doente de verdade, que precisa de atendimento e vai encontrar a rede superlotada — alerta Tanuri, um dos raros virologistas do país com experiência no combate das pandemias de ebola e HIV na África.

O posto da UFRJ foi montado exclusivamente para profissionais de saúde e grupos pré-selecionais devido ao risco. Ainda assim, pessoas com pouco ou nenhum sintoma ou ainda de baixo risco foram se testar. O resultado se vê em números. Em visitas a hospitais da rede pública e privada, Tanuri detectou o mesmo problema. O serviço de emergência sendo inundado por gente com sintomas de pouca gravidade.

— Mandei todo mundo para casa. Quem não está na linha de frente do combate da Covid-19 ou não tem sintomas realmente mais graves, por favor, fique em casa. Não prejudique o combate da pandemia. Além disso, mesmo que a pessoa seja egoísta e irresponsável e não ligue a mínima para a sociedade, deveria saber que o hospital é o melhor lugar para contrair o vírus. Ela tem grande chance de sair de lá infectada _ salienta ele.

Tanuri explica que o teste não é para qualquer profissional de saúde, mas apenas para aqueles que têm contato direto com pacientes, como médicos, enfermeiros e seus auxiliares. Ele lembra que a população precisa estar atenta aos sintomas importantes: infecção respiratória com falta de ar e sensação de cansaço profundo sem causa aparente. Hipertensos, diabéticos, imunodeprimidos e idosos devem ficar em casa.

Esses casos podem ser avaliados em UPAs com medição de oxigênio. Se estiver baixo, aí sim a recomendação é de teste.

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