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domingo 3 de dezembro de 2023 às 09:47h

MDB tenta evitar ‘efeito PSDB’ e planeja retomada

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Conhecido pelos caciques que moldaram o partido nas últimas décadas, o MDB tenta traçar uma estratégia para retomar o protagonismo no Congresso e reconquistar municípios pelo país. A reação ocorre depois de o PSD, de Gilberto Kassab, ultrapassá-lo em número de prefeituras e em cadeiras no Senado, Casa onde os emedebistas foram dominantes desde a redemocratização.

A legenda comandada pelo deputado Baleia Rossi (SP) liderou o número de prefeituras no país desde a década de 1990, mas hoje está em segundo lugar, com 854 cidades. Já o PSD chegou a 968 após uma ofensiva de Kassab para filiar prefeitos eleitos em 2020, principalmente em São Paulo.

— O MDB tem uma tradição de respeitar lideranças regionais. Fora das eleições, não fazemos movimentos bruscos. Tivemos uma eleição difícil em 2018, mas recuperamos. Temos uma perspectiva de crescimento para 2024. Acredito que vamos fazer pelo menos 900 prefeitos — estima Baleia Rossi.

No Senado, por sua vez, o MDB possui 11 cadeiras, atrás do PL (12), e do PSD (15). Para ampliar a bancada, a sigla tenta atrair senadores para se filiarem, como o líder do governo, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que deixou a Rede em maio após desavenças com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e ainda não escolheu nova sigla. Recentemente, a legenda filiou o ex-tucano Alessandro Vieira (SE).

Embora tenha reduzido o número de representantes no Congresso e em prefeituras, o MDB segue como o partido com mais filiados no país, com cerca de 2 milhões de pessoas. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSD é apenas o 14º da lista, com 402 mil. O desafio é a renovação das lideranças.

— No estado tal, quem manda é o senador fulano, o governador beltrano, só é candidato quem ele quer ou autoriza. Esse caciquismo tem atrapalhado muito o partido, estamos trabalhando para combater. Temos que abrir o partido para novas lideranças e investir na preparação de jovens — disse o primeiro vice-presidente do MDB e senador Confúcio Moura (RO), que foi um dos primeiros quadros do partido.

— O time de futebol tem os olheiros. O MDB precisa de olheiros. Temos que fazer essa busca ativa. O Kassab é um estrategista. Ele trabalha muito bem e sabe articular — afirmou o vice do MDB. — Se o partido não quiser passar por um colapso como o PSDB está passando agora, que de repente levou um nocaute técnico, temos que lançar candidaturas e fazer maioria dos prefeitos de novo — completou.

Mudança geracional

A comparação com os tucanos se dá pelo resultado do PSDB nas urnas em 2022. O partido tem hoje dois senadores, mas ambos sinalizam uma possível saída da sigla: Izalci Lucas (DF) e Plínio Valério (AM). Na Câmara, os tucanos estão em sétimo lugar, com 14 deputados. MDB e PSD empatam em quinto lugar, com 43 deputados cada um.

Baleia Rossi argumenta que a mudança geracional no partido já vem ocorrendo e cita ao menos cinco vice-governadores com até 40 anos que devem ser cabeça de chapa em 2026: Gabriel Souza (RS), Daniel Vilela (GO), Walter Alves (RN), Hana Tuma (PA) e Ricardo Ferraço (ES).

— Eles já têm destaque e são o futuro do partido. Temos um trabalho de mudança geracional, mas respeitando as lideranças históricas.

Alguns novos nomes que despontam no MDB, porém, são herdeiros de caciques históricos. Em Alagoas, o atual ministro dos Transportes, Renan Filho, foi governador do estado e eleito senador em 2022. Filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), ele é citado como potencial candidato à Presidência entre lideranças do partido.

Jader Filho e Helder Barbalho, filhos do senador e ex-governador do Pará, Jader Barbalho, também conquistaram cargos e são considerados promessas na legenda para o Palácio do Planalto. O primeiro é ministro das Cidades e presidente estadual do MDB Pará. O segundo é governador do estado.

— É importante dinamizar o partido, renovar permanentemente — disse o senador Renan Calheiros.

Capilaridade

Para Kassab, apesar da ofensiva da sigla para conquistar mais representantes pelo país, o PSD ainda não tem a capilaridade do MDB.

— O MDB ainda é o maior partido do país, tem capilaridade, é estabilizado. O PSD é um partido novo. Nessa fase de crescimento você tem bastante espaço para o acolhimento de lideranças. É normal a velocidade de crescimento nesse começo. Mas ainda temos muito tempo para que o partido fique totalmente implantado, com diretórios locais por todo o país — disse o dirigente ao GLOBO.

Os dois partidos chegaram a ensaiar uma parceria para um apoiar o outro nas disputas às presidências da Câmara e do Senado em fevereiro de 2025. Na Câmara, o apoio seria ao líder do PSD, Antônio Brito, e no Senado, a aliança seria para eleição de Renan. Parlamentares, no entanto, veem empecilhos, principalmente no Senado, já que o atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defende o retorno à cadeira de seu aliado Davi Alcolumbre (União-AP).

  • 854 — Número de prefeituras comandadas pelo MDB. A sigla era a que liderava o maior número de municípios desde a década de 1990 até 2020.
  • 968 — Número de prefeituras comandadas pelo PSD. Partido de Kassab filiou prefeitos eleitos em 2020 por outros partidos, principalmente em São Paulo.

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