O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, elogiou nesta última quarta-feira (25) o discurso feito na véspera pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Para Vieira, a fala de Gutérres, que gerou insatisfação nas autoridades israelenses, foi “verdadeira” e apresentou “informações importantes”.
Em discurso de abertura da sessão do Conselho de Segurança, ao comentar o conflito de Israel com o grupo terrorista Hamas, o secretário-geral falou de uma “ocupação sufocante” israelense na Palestina.
Israel está em guerra contra o Hamas desde o dia 7, quando o grupo terrorista fez ataques em território israelense.
“É importante reconhecer que os atos do Hamas não aconteceram por acaso. O povo palestino foi submetido a 56 anos de uma ocupação sufocante. Eles viram suas terras serem brutalmente tomadas e varridas pela violência. A economia sofreu, as pessoas ficaram desabrigadas e suas casas foram demolidas”, disse Guterres na ocasião.
As autoridades israelenses criticaram o discurso do secretário-geral. Ainda na terça, o ministro das Relações Exteriores israelense, Eli Cohen, cancelou uma reunião agendada com Guterres, enquanto o enviado de Israel à ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão do secretário-geral, dizendo que Israel deve repensar as suas relações com o organismo mundial.
Mauro Vieira foi questionado sobre a situação por jornalistas após sessão do Conselho de Segurança nesta quarta. O Brasil preside o órgão neste mês de outubro. Vieira disse não ver motivo para demissão de Gutérres.
“Não acho que seja caso para deixar o cargo. Israel deve ter suas razões [para não ter gostado da fala]”, disse o ministro brasileiro após sessão do conselho, em Nova York.
“Foi um discurso verdadeiro, com muitas informações importantes, que é o papel do secretário-geral, transmitir as informações, os briefings para que o conselho possa tomar decisões”, concluiu.
Guterres explica fala
Após a repercussão de sua fala, Guterres negou ter justificado qualquer ataque do Hamas contra Israel. Ele disse que foi mal-interpretado.
“Estou chocado com as interpretações erradas de algumas das minhas declarações de ontem no Conselho de Segurança – como se eu estivesse justificando os atos de terror do Hamas. Isso é falso, foi o oposto”, disse Guterres.