A Marinha do Brasil contratou os serviços da Starlink, empresa derivada da SpaceX, de Elon Musk, para fornecer acesso à internet via satélite para três navios da frota. A tecnologia, que possibilita o acesso à rede em alta velocidade até em alto mar, é a mesma implementada pelo bilionário americano na Amazônia desde 2022.
O negócio, fechado sem licitação, gerou dúvidas sobre o possível compartilhamento de dados militares confidenciais através de uma tecnologia controlada por Musk. Questionada, a Marinha garantiu que as informações classificadas não serão transmitidas através dos satélites americanos.
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“A tecnologia da Starlink apenas complementa os sistemas de comunicação dos navios, que funcionam por enlace satelital, logo, não substitui nenhuma tecnologia de comunicação ou conectividade de bordo aplicadas à Defesa”, diz a Marinha. “Essa tecnologia vem sendo testada e prospectada, como outras tecnologias de satélites de órbita baixa, para uso da internet para fins ostensivos, sendo completamente segregada das redes de bordo e demais redes de dados. Assim, informações tipicamente militares não serão transmitidas ou recebidas pelos satélites da Starlink”.
A MB acrescenta ainda que “com o propósito de assegurar a integridade das redes de dados e de comunicações propriamente militares, todas as medidas pertinentes para proteção das informações digitais serão adotadas” durante o uso dos satélites da Starlink.
A Marinha esclareceu ainda o motivo pelo qual dispensou licitação no processo de contratação da empresa de Elon Musk. Os militares afirmam que “a Lei nº 14133/2021 prevê, em seu artigo 75, a possibilidade de dispensa de licitação para contratações que envolvam valores inferiores a R$ 57.208,33, no caso de serviços”, e que “a dispensa eletrônica é um processo com fase de disputa pública de livre concorrência”.
Ainda de acordo com a MB, “os preços da Starlink têm se apresentado muito abaixo das suas competidoras de mercado, o que dentro do princípio da economicidade e da defesa do erário público, somado aos valores permitidos por lei para a dispensa de licitação, permite realizar o processo de dispensa eletrônica, em consonância com a referida legislação”.
O serviço de acesso à internet via satélite da Starlink será implementado no Navio-Aerodrómo Multipropósito “Atlântico”, no Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” e no Navio-Patrulha “Maracanã.
Mensalidade acima de R$ 25 mil
A Starlink oferece opções de internet via satélite em três modalidades: residencial, para viajantes e para embarcações. No caso das embarcações, o custo de um equipamento é de R$ 12.830. E o gasto não para aí, já que há ainda uma mensalidade que o cliente deve pagar pelo uso do serviço. Os planos são de R$ 1.283 por mês por um pacote de 50GB, “indicado para demandas de baixa largura de banda, como durante a navegação e verificação meteorológica”, R$ 5.132 por mês por um pacote com 1TB, “indicado para streaming de filmes, chamadas de vídeo e jogos em alto-mar”, e outro de R$ 25.659 por mês, “indicado para embarcações tripuladas” — como é o caso dos navios da Marinha.