Nesta última quarta-feira (31), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, teve uma reunião reservada com ministros do Tribunal Supremo de Justiça, similar ao Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil. O objetivo da reunião não foi divulgado. Após o encontro, Maduro fez um pronunciamento à imprensa internacional alegando ser alvo de uma tentativa de golpe. O presidente afirmou que o governo já possui todas as atas eleitorais e prometeu divulgá-las em breve, embora não tenha especificado uma data exata.
Maduro criticou os Estados Unidos e chamou as manifestações que ocorreram após as eleições de “criminosas”. “Deus está conosco, e as provas desse complô global já surgiram”, declarou ele.
Desde o último domingo, a oposição tem contestado o resultado das eleições, alegando fraude na vitória de Maduro. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) proclamou Maduro vencedor com 5,15 milhões de votos (51,2%) após apuração de 80% das urnas. Seu principal adversário, González Urrutia, obteve 4,45 milhões de votos (44,2%). A ausência de divulgação das atas gerou dúvidas internacionais sobre a legitimidade do resultado.
O governo brasileiro ainda não reconheceu a vitória contestada de Maduro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou que não vê nada “grave” ou “anormal” no processo eleitoral venezuelano e pediu a publicação das atas.
Na terça-feira (30), Maduro ameaçou punir os manifestantes que derrubaram a estátua de Hugo Chávez. Ele anunciou a criação de um site para que cidadãos denunciem opositores. “Os criminosos que derrubaram as estátuas de Chávez estão presos e serão punidos com todo o rigor da lei”, afirmou o presidente no Palácio Presidencial de Miraflores.
De acordo com o Foro Penal, uma organização de direitos humanos, pelo menos 132 pessoas foram detidas durante os protestos até segunda-feira (29), com seis mortos. Freddy Superlano, um líder da oposição e membro do partido Voluntad Popular, foi preso durante os protestos. O partido denunciou seu sequestro pelos aliados de Maduro.
María Corina Machado, outra líder da oposição, pediu atenção internacional para a situação na Venezuela e relatou pelo menos 16 assassinatos, 11 desaparecimentos forçados e 177 detenções arbitrárias nos últimos dois dias. Ela expressou solidariedade às vítimas e reforçou o compromisso de continuar lutando pela vitória eleitoral obtida em 28 de julho.
Machado chamou a comunidade internacional a se manter vigilante e garantiu que a oposição venezuelana seguirá firme em sua luta pela liberdade e justiça.