O combate ao novo coronavírus é um novo campo de batalha entre o presidente Nicolás Maduro e o líder opositor Juan Guaidó, que acusa o governo de mentir sobre a quantidade de infectados na Venezuela.
Maduro informou no último domingo que na Venezuela foram registrados 77 casos, mas Guaidó estimou que teriam 200 casos.
“Recebemos a informação interna de um dos ministérios (…) de aproximadamente 200 casos. Isso é o que mostra a contradição da ditadura” de Maduro, disse Guaidó a jornalistas.
Há mais de um ano, muitos países reconhecem Guaidó como presidente interino da Venezuela. No entanto, Maduro mantém o controle do território e do Estado.
Nesta segunda-feira (23), o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, confirmou que o número correto é de 77 casos e que, e que se não fosse pela quarentena nacional imposta na última semana, poderiam chegar a 3.000 casos.
Guaidó acusou o governo de Maduro de mentir e argumentou que “a ditadura” está “amedrontando” os que questionam os dados oficiais ou denunciam as carências no sistema de saúde.
O líder opositor disse ter informações de funcionários “preocupados” por que “a crise não está sendo manejada de uma maneira responsável e clara”.
O ex-ministro da Saúde, José Félix Oletta, informou que podem existir “atrasos” na detecção dos casos, por complicações logísticas durante o transporte das mostras a Caracas, onde está localizado o centro de testes para o vírus.
O governo de Maduro, acusado pela oposição de ocultar recorrentemente o acesso à informação em diversas áreas, centralizou os avanços sobre a detecção do coronavírus no país.
Por questionar os números oficiais no Twitter, um jornalista foi preso na noite do último sábado, denunciou o Sindicato Nacional dos Jornalistas.
A pandemia encontra uma Venezuela que tem sua economia devastada por seis anos consecutivos de recessão, uma enorme inflação e violenta desvalorização da moeda nacional. Além disso, a antiga potência petrolífera enfrenta um colapso dos serviços públicos e aumento nos valores de bens e medicamentos.
As atividades de trabalho e escolas estão suspensas no país, assim como voos nacionais e internacionais, com exceção dos voos de carga.