O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, celebrou, no sábado (15), a saída do país da hiperinflação, depois de quatro anos, e projetou um crescimento econômico de 4% em 2021.
Em sua prestação de contas ao Parlamento, que durou mais de três horas, Maduro apresentou “2022 como o ano do surgimento”, em meio à maior crise econômica de sua história moderna, com pelo menos sete anos de recessão.
A inflação em 2021 ficou em 686%, segundo o Banco Central da Venezuela (BCV), com registros mensais abaixo de 50%, o tradicional limite estabelecido para um país superar o quadro de hiperinflação.
O presidente garantiu que 2021 foi o primeiro ano de recuperação e de “crescimento” do país, que até 2020 acumulava sete anos em recessão.
O BCV não publica dados do Produto Interno Bruto (PIB) desde o primeiro trimestre de 2019, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que 2020 fechou em -20%.
De acordo com o organismo, 2021 fechou em -5% e, este ano, também deve terminar no vermelho (-3%).
“Projeta-se um crescimento anual (em) 2021, já vão dizer os especialistas em seus estudos, superior a 4%”, afirmou Maduro, que também falou de um crescimento da “economia real” de 7% no terceiro trimestre, sem dar detalhes sobre este indicador.
A consultoria Ecoanalítica prevê um crescimento econômico de 3% para 2021. Segundo esta empresa, a economia venezuelana caiu 80% entre 2013 e 2020.
‘Marco importante’
O presidente falou em “crescimento” depois do que chamou de “guerra econômica”, a qual ele denuncia desde 2015 contra seu governo, e de “bloqueio”, por parte dos Estados Unidos, em alusão à política de sanções de Washington para pressionar sua queda. Entre elas, está um embargo petroleiro.
Maduro reiterou que, em 2021, a Venezuela alcançou “um marco importante, ao chegar a uma produção (de petróleo) de um milhão de barris por dia (bd)”. Observou ainda que a meta para este ano é de 2 milhões, valor ainda abaixo dos 3,2 milhões atingidos pelo setor há mais de dez anos.
Maduro aposta em alavancar a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA).
Ele também indicou que, como resultado do crescimento econômico, a Venezuela reduziu em 1 ponto a pobreza geral: de 18,4%, no ano anterior, para 17,7%, em 2021. Segundo o presidente, a pobreza extrema se manteve em 4,1%, que, prometeu, será erradicada até 2025.
Segundo o FMI, o PIB per capita da Venezuela caiu para US$ 1.541, abaixo do do Haiti.
Os números de Maduro sobre a pobreza também contradizem o levantamento publicado em um prestigioso estudo feito pela Universidade Católica Andrés Bello (UCAB). Conforme este relatório, a pobreza é de mais de 94,5%, e a extrema pobreza, 76,6%.