O presidente francês, Emmanuel Macron, inaugura nesta quinta-feira (22), em Saint-Nazaire, no oeste do país, o primeiro de uma série de parques eólicos marítimos que devem ser construídos na França. A obra ilustra a intenção do governo francês de acelerar os projetos de energia renováveis e a instalação de novas centrais nucleares para enfrentar a crise energética.
De acordo com um comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu, a sede da Presidência francesa, esta é a primeira etapa de uma política de desenvolvimento “massivo” das energias renováveis. O objetivo é “reforçar a soberania energética” da França, diante do aumento dos preços dos hidrocarbonetos e do risco de falta de abastecimento, relacionados à guerra na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro.
O chefe de Estado visitou de barco o parque de 80 turbinas eólicas, situados na costa de Pouliguen e Croisic, em Saint Nazaire. O local está sendo administrado pela operadora de energia EDF, e entrará em funcionamento até o final do ano. A potência será de 480 megawatts, o que garantirá o fornecimento de energia para 700 mil franceses. Na ocasião, Macron também declarou que priorizará a instalação de novas centrais nucleares para enfrentar a crise energética.
Hoje, na França, são necessários em média dez anos para que atividades econômicas marítimas (offshore) entrem em funcionamento, contra cinco na Alemanha e seis no Reino Unido. O prazo na França para instalação de uma turbina eólica terrestre é de sete anos – duas vezes mais do que na Espanha ou na Alemanha.
O presidente francês deve detalhar nesta quinta-feira o projeto de lei de “aceleração de energias renováveis”, que será apresentado na próxima segunda-feira (26) no Conselho de Ministros. O texto visa diminuir os prazos de realização dos projetos no setor, simplificando os procedimentos administrativos e diminuindo o tempo de análise dos recursos impetrados na Justiça pelas ONGs de defesa do meio ambiente, os pescadores e a população ribeirinha, que atrasam as obras.
Macron prometeu uma melhor “repartição dos ganhos” para obter o apoio dos opositores aos projetos.
A análise do texto na Assembleia Nacional deve gerar um debate polêmico: a extrema direita, que conta com uma bancada de 89 deputados, e alguns parlamentares de direita, são contrários à extensão dos parques eólicos.
O governo não pode, desta forma, contar com a maioria absoluta no Parlamento. Marine Le Pen, ex-candidata à presidência pelo partido Reunião Nacional, de extrema direita, já havia solicitado a interrupção dos projetos e o desmantelamento progressivo dos parques que estão em funcionamento.
Desenvolvimento de diferentes energias
No dia 10 de fevereiro, em uma visita a Belfort, no nordeste da França, o presidente francês já havia anunciado seu objetivo de implantar cerca de 50 parques até 2050, com uma capacidade de 40 gigawatts. Desde então, sete parques foram atribuídos a diferentes operadores e locais: Saint-Nazaire, Saint-Brieuc, Courseulles-sur-Mer, Fécamp e na ilha de Oléron, na costa oeste francesa, onde diversos recursos foram impetrados na Justiça.
Em contrapartida, o chefe de Estado francês anunciou a diminuição do desenvolvimento de turbinas eólicas terrestres. Ele também confirmou a construção de seis reatores EPR2 até 2035 e um aumento de até dez vezes da potência solar instalada até 2050.
Em 2021, as energias renováveis asseguraram 24% da produção elétrica (hidráulica, eólica, solar e bionenergética). O nuclear representa 69% e os combustíveis fósseis, 7%.