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terça-feira 3 de outubro de 2023 às 10:17h

‘Lula tem mais paciência, Bolsonaro era mais disperso’, compara Roberto Campos Neto

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Questionado sobre a diferença entre as conversas com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com Jair Bolsonaro (PL), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse conforme r Larissa Garcia, do Valor, que o petista “gasta mais tempo prestando atenção no que você fala, dedica mais tempo e tem mais paciência para as conversas” e classificou o ex-chefe do Executivo como “disperso”.

“Só conversei com o Lula duas vezes, uma no fim do ano passado e mais recentemente. O Lula gasta mais tempo prestando atenção no que você fala, dedica mais tempo e tem mais paciência para as conversas. O Bolsonaro era mais rápido, eu sabia que quando tinha uma conversa com ele eu tinha três minutos para falar alguma coisa, depois dos três minutos seria mais difícil porque ele ficava mais disperso”, disse em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, gravado na última sexta-feira e que foi ao ar na madrugada desta terça (3).

Na semana passada, Campos participou de uma reunião com Lula e com Haddad no Palácio do Planalto, em Brasília, em um gesto de aproximação após meses de críticas do presidente da República à política de juros do BC. “É um pouco você aprender como é cada pessoa e você ajusta sua forma de se comunicar dependendo de como a pessoa é”, disse.

Ele afirmou que a conversa com Lula “foi longa” e durou uma hora e meia. “Eu ouvi mais do que falei. A primeira vez acho que eu tinha falado demais, dessa vez era mais importante ouvir mais e falar menos”, relatou.

“Eu disse desde o começo que eu estava sempre à disposição. Aí a gente resolveu mandar o ofício para ter uma coisa registrada de pedido de reunião, para não parecer que fosse uma resistência minha. Eu sempre disse que estava à disposição para qualquer conversa a qualquer hora, porque o presidente da República é o presidente da República, é importante a gente conversar”, frisou.

Segundo contou, Bolsonaro “deu toda a liberdade sempre” ao BC. “Nunca tive nenhum problema, ele nunca me ligou para reclamar de nada, nunca interferiu em nada, zero. Às vezes a gente escuta muito que o presidente é autoritário, eu não era tão próximo, mas no que tangia o meu trabalho, sempre tive liberdade total, foi a coisa que eu combinei no começo. Eu disse ‘só preciso de uma coisa: autonomia’, se eu não tiver isso, eu não fico”, lembrou.

Perguntado se teria falado “na cara” de Bolsonaro que seria melhor usar o dinheiro da extensão do auxílio emergencial na “busca da vacina”, Campos respondeu que sim. Ele contou que teve acesso a modelos estatísticos de contaminação do coronavírus. “Eu comecei a ver uma coisa muito grave, na época o número que saía era 120 mil mortes. No começo de 2020 eu liguei para o ministro [da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta e falei ‘estou vendo uma coisa bem complexa aqui’”, disse.

“Era difícil, às vezes nem todo mundo estava convencido de que existia esse problema, eu estava mais convencido porque eu escutava de fora, eu tinha as informações de fora, na época eu achava que tinha que ter um foco maior nisso [vacinas]”, acrescentou. Campos afirmou que participou ativamente na compra do primeiro lote das vacinas da Pfizer e intermediou uma videoconferência entre Bolsonaro e o presidente do laboratório.

Em relação ao seu relacionamento com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BC disse estar “bem alinhado”. “Tenho o relacionamento muito bom com o ministro Haddad, acho que é um governo que, por construção, pensa de formas diferentes, mas está tentando chegar a um lugar comum, que é melhorar a vida dos brasileiros. Obviamente a gente não vai pensar igual em tudo”, ressaltou.

Campos revelou, ainda, que “não pensou” ao votar com a camisa da seleção brasileira, que era símbolo dos eleitores de Bolsonaro. “Vamos imaginar que tem um presidente agora que vai me suceder e aí tem uma eleição que o Lula seja candidato à reeleição. Você acha que ele vai votar em quem? Ele vai votar no Lula”, argumentou.

“O voto é uma coisa muito privada, era uma escola na frente da minha casa que eu fui só com o meu filho, era uma coisa mais do mundo privado do que do mundo público. Obviamente pensando hoje eu não teria feito isso, né? Pensando em hoje. Não parei para pensar, mas sempre achei que no fim das contas o tempo conta as coisas pelas ações e não pela maquiagem. A ação está ali para demonstrar. A gente fez a maior subida de juros em ano de eleição da história do Brasil e do mundo emergente”, completou.

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